Mauro Vieira afirma que PL da Dosimetria não entrou em acordo Brasil-EUA
Chanceler disse que Lula e Trump não discutiram política interna

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, defendeu, em entrevista ao SBT News, o governo brasileiro como responsável pelos avanços da negociação dos Estados Unidos e Brasil e disse que questões da política interna, como o Projeto de Lei da Dosimetria que reduz pena dos condenados pela tentativa de golpe no país, não entrou no acordo.
“Foi a negociação bilateral, única e exclusivamente, ficou muito claro desde o início que não haveria negociação sobre questões de política interna”, disse. “Nós não podíamos negociar com base em declarações políticas, sobre política externa, interna no Brasil e sobre dados sobre o comércio bilateral que não correspondiam à verdade”, comentou.
Mauro Vieira afirmou que os dois presidentes estão se conhecendo mais e que há expectativa de um novo encontro pessoal de Lula e Trump, tanto em viagem do presidente brasileiro aos EUA, quanto do americano ao Brasil. Mas ainda sem data. Apesar da necessidade desses acordos, o ministro destacou “as relações são completas e totais” entre os países.
O Brasil está terminando a negociação sobre punições dos Estados Unidos, já que nem todas acabaram. É esperado o fim do cancelamento de vistos americanos de autoridades brasileiras.
“Quando na conversa que teve com o presidente Trump, seja por telefone, seja pessoalmente, ele (presidente Lula) disse que não tinha cabimento, nem a aplicação de sanções, seja pela lei, que seja pela supressão de vistos de altas autoridades brasileiras. Então, nós continuamos conversando sobre todos esses temas”, disse.
“O presidente Lula estabeleceu esse contato com o presidente Trump e passou instruções para mim, para o Ministério da Indústria e Comércio, para o Ministério da Fazenda e nós seguimos as instruções do presidente e estamos terminando essa negociação”, disse.
Argentina
As vésperas de vir ao Brasil, o presidente argentino Javier Milley publicou nesta segunda-feira (15) uma foto em que o Brasil é representado como favela e a Argentina é um cenário mais futurista.
O ministro não comentou sobre a publicação, que ele disse não ter visto. E assegurou que as relações entre os dois países não são pautadas em posições políticas.
“O presidente Lula já esteve também com o presidente Milley no Rio de Janeiro no G20, já esteve também em mais de uma ocasião, já esteve em Buenos Aires na última reunião do Mercosul e vai receber agora na semana que vem em Foz do Iguaçu para a cúpula do Mercosul vai receber novamente o presidente Milley. Como eu disse antes, as posições políticas de cada um não interferem na relação entre os estados. Nessa relação o presidente Lula defende sempre o interesse nacional”.
Mauro ressaltou que Brasil e Argentina são o coração e a mola do Mercosul.
Chile
Mauro Vieira afirmou que o Brasil mantém diálogo com o Chile, que passa a ser governado pela direita em 2026. Neste domingo (14), os chilenos escolheram o direitista José Antônio Cast.
“O Brasil tem importância em antigas relações com Chile, somos sócios importantes em diferentes áreas e o presidente deu as boas-vindas, inclusive, emitiu uma declaração, um tweet ontem, parabenizando o presidente Cast, presidente eleito, e dizendo da importância da relação bilateral e que deseja manter uma boa relação com ele. Os estados se falam não por ideologias ou por relações unicamente pessoais, aos interesses dos estados e o interesse do Brasil com todos os seus vizinhos sul-americanos é muito grande, muito importante. Nós queremos manter esse diálogo e essa esse contacto com todos. Somos países que estamos tão próximos e somos sócios em tantas iniciativas”.
Mercosul-União Europeia
O ministro afirmou que espera que a assinatura do acordo Mercosul e União Europeia “não passe deste ano”. Há expectativa de que ocorra no dia 20 de dezembro, paralelamente à cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu. Mas países como França e Polônia tem pressionado pelo adiamento.
“Nós estamos agora as vésperas do debate no Parlamento Europeu, das regras e e do regulamento do acordo. Então, logo que isso se concluir, nós estaremos em condição de assinar, portanto, no dia 20, como foi proposto pela direção, pela alta direção da União Europeia, o acordo em Foz do Iguaçu”, disse.
O Brasil não perde “de forma alguma”, com o acordo e também os europeus. "Vai ser o maior acordo comercial para as câmaras do mundo, envolvendo 720 milhões de habitantes nos dois continentes e mais de 22 trilhões de dólares de PIB”, disse.
“As salvaguardas, os mecanismos de proteção dos mercados está negociado dentro do acordo concluído. Isso é um regulamento para aplicação do lado da União Europeia, que eles precisam aprovar esse regulamento. Se eles estiverem preparados, estiverem prontos a assinar, ótimo”, enfatizou.
“Eu acho que é de todo interesse deles, basta ver na Itália, você vê a Fiat, na França, a Renault, para não falar de empresas de eletricidade, empresas de água desses países europeus que tem investimentos no Brasil e que fazem grandes negócios no Brasil. Eu acho que eles vão querer assinar sem dúvida nenhuma”, reforçou.
Israel
Mauro Vieira afirmou que o Brasil segue sem perspectiva de designar um embaixador para representar o país em Israel. Para ele, os dois países poderão voltar a ter boas relações no futuro, atualmente o cenário é de opiniões opostas quanto aos palestinos.
“Nós não temos embaixador em Telaviv porque eles criaram uma situação muito complexa e agressiva e até humilhante para o nosso embaixador e declararam o presidente Lula pessoa non grata. Agora, eles também retiraram o embaixador deles aqui recentemente, estão sem embaixador. Nós sempre tivemos ótimas relações e vamos no futuro voltar a tê-las”, destacou.
Atualmente, a relação é feita por meio dos encarregados de negócios.





































































