Declaração de Lula sobre traficantes é erro que presidente e candidato para 2026 não pode cometer
Ao tratar tema sensível de forma equivocada, Lula causa desconforto entre aliados e fornece munição à oposição em ano pré-eleitoral

Ao dizer que traficantes são vítimas de usuários de drogas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou críticas de opositores e aliados. É o tipo de erro que um presidente não pode cometer, ainda mais quando já está em campanha por um novo mandato.
A oposição recebeu o episódio de presente e, sem dúvidas, vai explorá-lo até depois de 2026. Mas principalmente os governistas se viram numa situação incômoda em que não era mesmo possível defender o indefensável. Apenas pedir desculpas e se explicar.
O combate ao narcotráfico é assunto delicado, que importa ao Brasil e todo o mundo, e que não pode ser falado de improviso. Lula está certo ao chamar atenção para assistência que o Estado precisa dedicar aos usuários, porque isso também faz parte da solução do problema, tanto quanto as ações de inteligência policial.
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Mas o presidente erra, ao colocar quem organiza e lucra com o vício dos outros como vítimas. Aos 79 anos, boa parte deles dedicados a discursos para multidões, Lula sabe disso. Mas não resistiu à auto confiança de falar sobre “tudo”. Sinal de alerta para quem cuida da comunicação do governo.
É óbvio que o presidente não considera os traficantes vítimas. Mas foi o que ele disse, numa confusão mais de palavras do que de conceitos. E tudo o que um presidente diz e faz é importante.
A um ano das eleições, com exposições diárias de que segue com vigor para comandar o Brasil, tudo o que o presidente (e aliados) não querem é ter sua capacidade de construir frases questionada - vide a repercussão de discursos feitos pelo ex-presidente americano Joe Biden na corrida pela Casa Branca.
Sem filtros, Lula (e não a oposição) trouxe polêmica negativa para imagem do governo em um de seus melhores momentos nas pesquisas de opinião pública, em que aparece vencendo em todos cenários eleitorais e com mais aprovação do que desaprovação.
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Para governistas, a declaração mal colocada tira os holofotes das pautas que importam: PEC da Segurança Pública, projeto antifacção e as inúmeras e exitosas operações da Polícia Federal contra o tráfico de drogas e o crime organizado no Brasil.
As maiores vítimas dessa história são, claro, as famílias destruídas pelas drogas. Há usuários ricos e pobres, mas a consequência maior recai sobre a periferia - onde se situa parte importante do eleitorado de Lula.
Entre o que o presidente disse e o que ele quis dizer, há todo um país que cobra postura mais firme do governo contra violência e criminalidade.
































