Hugo Motta se isola e aliados afirmam que presidente decidiu sozinho pautar cassações
Líderes veem "erro estratégico" de presidente, que também agiu por conta própria ao retirar Glauber da Mesa Diretora à força

Aliados de Hugo Motta (Republicanos-PB) avaliaram que o presidente da Câmara dos Deputados está cada vez mais isolado e tomando decisões sem consultar companheiros de primeira hora, como líderes partidários, integrantes da Mesa Diretora e parceiros políticos no estado. De acordo com deputados próximos a Motta, o presidente tem agido pela emoção e pelo medo de se mostrar enfraquecido.
Motta pautou nessa quarta-feira (10) os processos de cassação contra os deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP). Ambos conseguiram se livrar da punição com perda de mandato parlamentar. Para lideranças da Câmara, o resultado é uma demonstração de enfraquecimento do presidente da Câmara, que não tem demonstrado habilidade política de articulação.
Líderes avaliaram ainda que "equiparar os dois casos só serviu pra aumentar a disputa interna". Integrantes da base governista afirmam que a salvação de Glauber foi uma vitória da articulação da base do governo. Para eles, no caso da Zambelli, a deputada já está fadada à perda de mandato por faltas, "caindo sozinha", e não precisaria de mais um "empurrão para a vala política".
Aliados haviam recomendado a Hugo Motta deixar as análises das cassações para o ano que vem, depois que o ambiente na Casa distensionasse com o recesso parlamentar. Além do fim de ano cheio de projetos polêmicos a serem votados, o presidente da Câmara vem acumulando desavenças com o governo.
Nessa quarta-feira, a Câmara decidiu, por 318 votos a favor, 141 contra e três abstenções, manter o mandato de Glauber Braga ao aprovar a troca da cassação por uma suspensão de seis meses. Com isso, o parlamentar será afastado temporariamente, mas retorna ao cargo após o cumprimento da penalidade.
Um dia antes, o deputado do PSOL havia ocupado a cadeira da Presidência da Câmara, em protesto à pauta de sua cassação, mas também ao projeto de redução de penas a presos e condenados por tentativa de golpe de estado, entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Braga foi retirado à força pela Polícia Legislativa, em uma ação que interrompeu o sinal da TV Câmara e levou à retirada da imprensa do plenário.







