Bolsonaro pediu passaporte de volta no dia em que escândalo da embaixada foi divulgado
Defesa disse ao Supremo que ex-presidente foi convidado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a visitar o país em maio
O advogado e assessor de Jair Messias Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, divulgou em seu perfil do X (antigo Twitter) nesta quinta-feira (28) que a defesa enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda (25), um requerimento de devolução do passaporte do ex-presidente. O motivo seria uma viagem a Israel em maio. A solicitação ocorreu no mesmo dia em que escândalo com Embaixada da Hungria foi divulgado.
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Bolsonaro está com o documento confiscado desde fevereiro no âmbito da operação Tempus Veritatis (do latim, “tempo da verdade”) que investiga uma organização criminosa que tentou abolir o Estado Democrático de Direito e manter Bolsonaro no poder.
No documento, os advogados argumentam que um agravo regimental já foi interposto à medida, mas não foi julgado pelo ministro responsável, Alexandre de Moraes. Agora, apelam para que o ex-chefe da República tenha a liberdade para sair do país a convite oficial do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu entre os dias 12 e 18 de maio.
Segundo eles, a ida de Bolsonaro a Israel – que recentemente classificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “persona non grata”, após críticas à guerra na Faixa de Gaza – não oferece “qualquer risco ao processo, especialmente considerando os compromissos previamente agendados no Brasil que demandam a presença” do ex-presidente. A defesa alega que se trata de uma passagem transitória e temporária.
Estadia na embaixada da Hungria
No mesmo dia em que Wajngarten apresentava a solicitação ao STF, o jornal norte-americano The New York Times divulgou imagens de quatro câmeras de segurança da embaixada da Hungria, em Brasília, que mostram uma estadia de dois dias do ex-presidente no prédio, entre 12 e 14 de fevereiro – o passaporte de Bolsonaro foi confiscado no dia 8.
Na quarta (27), em resposta exigida pelo Supremo, a defesa de Jair Bolsonaro negou que o pernoite teria sido uma tentativa de obter asilo político para escapar da Justiça brasileira.
Tempus Veritatis
Bolsonaro, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e militares de alta patente do núcleo bolsonarista foram os alvos centrais das prisões e buscas e apreensões realizadas pela Polícia Federal na operação.
Pela primeira vez, a PF apontou "participação direta" do nome de Bolsonaro na redação de uma minuta de golpe. O documento foi apreendido em 2023, na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O texto do decreto previa a destituição de poderes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Lula x Netanyahu
Também em fevereiro, em visita a Etiópia, o presidente brasileiro classificou como "genocídio" a reação de Israel na Faixa de Gaza aos ataques do Hamas, em 7 de outubro de 2023. Na ocasião, Lula comparou a ação israelense ao extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.
A fala gerou muita repercussão de opositores e de políticos do país no Oriente Médio. Levando o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, a declarar que o petista é uma "personalidade indesejada em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras".
Após crise diplomática, Lula voltou a dizer que o atual governo de Israel pratica genocídio contra palestinos.
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