Corrêa Neto chega dos EUA neste domingo preso pela PF por envolvimento com tentativa de golpe
Coronel é o 4º alvo das prisões ordenadas por Alexandre de Moraes na operação que encurralou Bolsonaro e Valdemar Costa Neto
Ricardo Brandt
O coronel do Exército Bernardo Romão Corrêa Neto chega neste domingo (11) no Brasil para ser preso pela Polícia Federal, suspeito de apoio a tentativa de golpe de Estado. Os militares montaram uma operação especial para trazer o alvo da Operação Tempus Veritatis, que encurralou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.
Coronel Corrêa Neto é o quarto alvo dos mandados de prisão preventiva que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou na operação. Foram detidos na quinta-feira (8): Filipe Martins, assessor especial de Bolsonaro, e os militares coronel Marcelo Câmara e major Rafael Martins.
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O presidente do PL, Valdemar Costa Neto acabou preso, mas era alvo de mandados de busca e apreensão. Foi detido em flagrante, em Brasília, após policiais encontrarem uma arma ilegal em sua residência.
Nesta sexta-feira (9), Moraes decretou a prisão preventiva de Valdemar Costa Neto. Com isso, ele deve permanecer encarcerado.
Corrêa Neto viajou para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro de 2022. Na mesma data em que Bolsonaro e assessores deixaram o Brasil - inclusive Filipe Martins, também preso na operação desta semana. Ele viajou e permaneceu em um curso pelo Exército.
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Com a ordem decretada pelo STF, o Exército montou uma operação para conduzir o coronel dos Estados Unidos para o Brasil. O alvo vem acompanhado de uma escola militar. No aeroporto, em Brasília, deve se apresentar aos policiais federais e aos homens do Exército. Corrêa Neto fica detido em unidade militar na capital federal.
Corrêa Neto é suspeito de ser de dois núcleos: operacional de apoio às ações golpistas e o de incitação a militares para aderirem ao movimento. Seu papel é essencial no elo entre Exército e Planalto.
"A investigação identificou que Corrêa Neto agia como 'homem de confiança' de Mauro Cid, executando tarefas fora do Palácio do Alvorada que o então ajudante de ordens do Presidente da República", registra a PF no seu pedido de prisão.
Afastados
Moraes também ordenou o afastamento de sete militares de suas funções. A ação armada de parte das Forças daria sustentação ao decreto de intervenção elaborado sob comando de Bolsonaro. O ex-presidente é alvo central da investigação sob relatoria do STF.
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Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (União) afastou o major da reserva Ângelo Martins Denicoli do carga que tinha na Companhia de Processamento de Dados do Estado (Prodesp). Ele foi um dos alvos da PF por suposto apoio ao golpe.
Segundo a decisão de Moraes, "os elementos indiciários apresentados" pela PF apontaram "que os investigados buscaram espécie de "blindagem institucional" a partir da manutenção de postos que lhe eram estratégicos, mesmo após o início do novo governo".
"A medida cautelar de suspensão do exercício da função pública se faz necessária para evitar que os investigados que ainda estejam no exercício do cargo atuem deliberadamente para evitar que novos elementos indiciários sejam descobertos pela investigação ou realizem atos de gestão capazes de influenciar partícipes ou testemunhas, utilizando-se para tanto o exercício do poder hierárquico/disciplinar."
A Tempus Veritates é a primeira ação que chega a digitais mais evidentes de Bolsonaro e de comandantes do Exército nos crimes investigados nos processos de Moraes. Estão nessa lista os inquéritos: da "milícia digital" bolsonarista, do "gabinete do ódio", das "fake news", dos "atos golpistas" e da "Abin paralela" - as duas últimas, mais recentes.