Bolsonaro pediu atitude de ministros antes das eleições: "Se reagir depois, vai ter guerrilha"; veja vídeo
Em reunião, ex-presidente fez uma série de acusações contra o processo eleitoral e cobrou ação de membros do governo antes do pleito
Segundo a PF, a gravação, somada a outros pontos da investigação, como a minuta do golpe, revela "o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo".
"Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições", disse.
Um vídeo editado da reunião surgiu em uma conta do Google Drive com dados do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Em nota nesta sexta (9), a PF informou que o conteúdo "não foi divulgado pela instituição". Depois, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou sigilo e publicou o material na íntegra.
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Visivelmente nervoso, Jair Bolsonaro orienta os ministros, ao longo da reunião, a questionarem as urnas eletrônicas e o processo eleitoral. Ele desdenhou do acompanhamento e checagem das eleições por entidades internacionais e comparou o processo eleitoral a uma "maquiagem".
O ex-presidente afirmava certeza de que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria no primeiro turno e diz que o governo "precisava agir antes" do dia 2 de outubro de 2022, data do primeiro turno do pleito. No entanto, as eleições foram decididas no segundo turno, com vitória do petista.
"Todos aqui têm uma inteligência bem acima da média. Todos aqui, como todo povo ali fora, têm algo a perder. Nós não podemos, pessoal, deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintado, está pintado. Eu parei de falar em voto impresso e eleições há umas três semanas. Vocês estão vendo agora que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes", ordenou.
A filmagem mostra Bolsonaro falando sobre a reunião com embaixadores em que ele atacou o sistema eleitoral brasileiro.
"Quinta-feira vou reunir metade dos embaixadores na Alvorada e depois outra metade, porque os caras estão preparando tudo para o Lula ganhar no primeiro turno na fraude. Alguém acredita em Fachin, Barroso, Alexandre de Moraes? Acredita que eles são pessoas isentas?", disse Bolsonaro, que logo depois critica a inteligência do governo por não encontrar provas para algumas das acusações feitas na reunião.
O ex-presidente mira a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), as Forças Armadas e a Polícia Federal (PF) e lamenta que esses órgãos não tenham encontrado evidências de uma suposta compra de votos na campanha de Lula na Bahia.
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Minuta do golpe
Nessa quinta (8), a Polícia Federal encontrou uma minuta golpista para prender os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Reuniões no Palácio do Planalto, a escolha da sede do PL como quartel-general dos planos de intervenção militar no Brasil, a confecção de uma minuta para o golpe e as digitais de Jair Bolsonaro (PL).
São alguns dos elementos que levaram a Polícia Federal a apontar o elo entre o ex-presidente, o uso da estrutura do governo e do partido, e o envolvimento de parte das Forças Armadas no plano frustrado de destituir o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).