PF mira Heleno, Braga Netto, Torres e outros aliados de Bolsonaro em operação contra grupo que tentou dar golpe de Estado
Tempus Veritatis cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão; investigados queriam manter ex-presidente no poder
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (8/2), a Operação Tempus Veritatis para investigar organização criminosa que tentou dar golpe de Estado no Brasil, abolir o Estado Democrático de Direito e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder. O próprio Bolsonaro também é alvo e terá que entregar passaporte.
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Foram cumpridos quatro mandados de prisão: contra Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência durante o governo Bolsonaro, o coronel da reserva do Exército Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, o major Rafael Martins de Oliveira, das Forças Especiais do Exército, e o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto.
A força-tarefa também faz buscas e mira nomes de aliados do ex-presidente, como o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Walter Souza Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil e da Defesa, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e ex-Comandante do Exército Brasileiro, o almirante de esquadra Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Ao todo, a PF também cumpre 33 mandados de busca e apreensão e 48 medidas cautelares diversas da prisão – como proibição de manter contato com os demais investigados, de se ausentar do país, entrega de passaportes em até 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas.
Como há alvos militares, o Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, dando apoio à PF.
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Expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), as medidas são cumpridas em nove estados (Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo) e no Distrito Federal.
Segundo a PF, o grupo se dividiu em núcleos de atuação distintos para disseminar fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito. "De modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital", explica a corporação.
Já o segundo eixo era focado "na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível", de acordo com a PF.
Conforme a corporação, os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
*Texto atualizado às 10h27