Baião de dois, bolo e brigadeirão: relembre casos de envenenamento que chocaram o Brasil
Método silencioso, que geralmente usa pesticidas, medicamentos ou veneno em alimentos, causou mortes em famílias de Torres (RS) e Parnaíba (PI)
Emanuelle Menezes
Dois casos de envenenamento, separados por mais de 3,9 mil quilômetros, chocaram o Brasil entre o dia 23 de dezembro e o Ano-Novo. O método silencioso, que geralmente usa pesticidas, medicamentos ou veneno em alimentos, matou três pessoas que comeram um bolo de Natal com arsênio em Torres, no Rio Grande do Sul, e outras quatro pessoas que ingeriram um baião de dois com terbufós em Parnaíba, no Piauí.
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Em ambos os casos, familiares foram presos por suspeita de cometerem o crime. O SBT News relembra, abaixo, seis casos de envenenamentos emblemáticos:
Bolo de Natal tinha arsênio
Três pessoas morreram e três foram internadas após comerem um bolo de Natal, no dia 23 de dezembro, em Torres, no Rio Grande do Sul. Deise Moura dos Anjos, nora de uma das vítimas, foi presa no último dia 5, sob acusação de triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e com emprego de veneno, e tentativa de triplo homicídio.
Ela também é suspeita de ter envenenado o sogro. Paulo Luiz dos Anjos, sogro de Deise, morreu em setembro de 2024 após apresentar sintomas de uma intoxicação alimentar grave. Ele havia ingerido bananas e leite em pó dados pela nora. O corpo dele foi exumado e a perícia confirmou que ele ingeriu arsênio antes de morrer.
Segundo a investigação, a suspeita começou a pesquisar sobre veneno para matar humanos ainda nos meses de julho e agosto e depois comprou arsênio em duas oportunidades. De acordo com pessoas próximas, a relação dela com Zeli dos Anjos, a sogra, era conturbada.
Zeli foi intoxicada nas duas ocasiões. Ela recebeu alta na manhã da última sexta-feira (10). As vítimas fatais foram duas irmãs de Zeli e uma sobrinha: Neusa Denise Silva dos Santos, 65 anos, Tatiana Berenice Silva dos Anjos, 43, e Maida Berenice Flores da Silva, 58. O marido de Maida e um menino de 10 anos, neto de Neuza, também foram envenenados, mas se recuperaram.
Mortos após comerem baião de dois
Francisco de Assis Pereira da Costa foi preso na última quarta-feira (8) por suspeita de ter envenenado com terbufós o baião de dois que matou quatro pessoas da mesma família em Parnaíba, no litoral do Piauí. Outras quatro pessoas foram internadas.
Morreram dois enteados de Francisco, Manoel Leandro da Silva, 18, e Francisca Maria da Silva, 32, e dois filhos de Francisca: Igno Davi, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane, de 3 anos.
Francisco teria cometido o crime por ter "sentimento de ódio" pela enteada. O homem, segundo a Polícia Civil, tinha "nojo" e "raiva" da mulher e acreditava que ela era uma "criatura de mente vazia".
Outros dois filhos de Francisca Maria morreram envenenados cinco meses antes. A polícia investiga, agora, se os crimes têm ligação. Uma vizinha da família, que foi presa por suspeita de ter contaminado cajus com terbufós e dado para os irmãos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, 7, foi solta nessa segunda-feira (13) após perícia confirmar que as frutas não foram envenenadas.
Dividiram açaí com chumbinho
Duas crianças morreram depois de comerem um açaí com chumbinho, em Cavalcanti, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em outubro de 2024. Rafael da Rocha Furtado, ex-namorado da mãe de Benjamin Ribeiro Rodrigues, de 7 anos, é o principal suspeito do crime. Ele se entregou à polícia em novembro.
O homem foi buscar Benjamin na escola e ofereceu o açaí ao menino. Ythallo Raphael Tobias Rosa, de 6 anos, não seria alvo do suspeito, mas acabou morrendo porque trocou um bombom por um pouco de açaí do amigo.
Milkshake do ex
Um milkshake de morango com chumbinho matou Vitória da Conceição Pereira, em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, em agosto de 2024. O ex-namorado dela, Deivid Santana, foi preso pelo crime.
Deivid indicou Vitória para uma faxina e depois convenceu o contratante a dar a bebida, comprada por ele, para a vítima. Segundo o morador da casa, ele disse que gostaria de fazer uma "surpresa" para a ex-namorada.
Vitória tinha medidas protetivas contra o ex e já havia denunciado ele duas vezes, relatando que era perseguida. A última denúncia foi registrada em 31 de julho, cinco dias antes de morrer. Segundo ela, Deivid não aceitava o fim do relacionamento.
Brigadeirão envenenado
O corpo do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado em estado de decomposição no dia 20 de maio de 2024, no apartamento onde morava no Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo as investigações da Polícia Civil, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, namorada da vítima, foi quem o envenenou com altas doses de morfina e clonazepam em um brigadeirão.
O crime teria acontecido a mando da mentora espiritual Suyany Breschak. A psicóloga queria quitar uma dívida com Suyany com os bens de Ormond, de acordo com as investigações.
Júlia teria envenenado o companheiro com um brigadeiro três dias antes, no dia 17 de maio. Imagens das câmeras de segurança do prédio mostram o casal no dia do crime, a caminho de casa. O homem aparece sonolento e tossindo, com um prato na mão – a "arma" do crime. A companheira aparece ao lado, segurando duas garrafas de cerveja.
Recebeu buquê e bombons com veneno
Lindaci Viegas Batista de Carvalho morreu após receber um buquê de flores anônimo junto com uma caixa de bombons envenenados com chumbinho, em maio de 2023, em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro. Ela recebeu o "presente" no dia do seu aniversário de 54 anos.
Susane Martins da Silva foi presa como suspeita do crime. Ela era ex-namorada do ex-marido da vítima, Mário Sérgio Grativol. Susane e Lindaci se relacionaram com o homem, de 60 anos, em momentos diferentes. O ciúme da mulher pode ter sido um dos motivos para o envenenamento, segundo as investigações.
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