Publicidade
Polícia

Laudo aponta que crianças não foram envenenadas com cajus no Piauí; vizinha será solta

Outras 4 pessoas da mesma família, incluindo a mãe dos meninos, foram mortas por envenenamento 5 meses depois; padrasto da mulher é o principal suspeito

Imagem da noticia Laudo aponta que crianças não foram envenenadas com cajus no Piauí; vizinha será solta
Ulisses Gabriel e João Miguel morreram em agosto de 2024 | Reprodução
,
• Atualizado em
Publicidade

O laudo da Polícia Científica do Piauí revelou que os irmãos Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, e João Miguel da Silva, de 7 anos, não foram mortos com cajus envenenados. As crianças morreram em agosto de 2024, cinco meses antes de outras quatro pessoas da mesma família, incluindo a mãe delas, morrerem intoxicadas pelo mesmo pesticida (saiba mais abaixo).

+ Família envenenada no Piauí: "sentimento de ódio" motivou padrasto, diz delegado

O resultado provocou uma reviravolta no caso, já que a Justiça atendeu a um pedido do Ministério Público Estadual e determinou a soltura da vizinha da família, Lucélia Maria da Conceição, de 52 anos. Ela foi presa e apontada como suspeita de ter dado as sacolas com cajus, supostamente envenenados, aos dois meninos. Na casa dela, a perícia encontrou substância semelhante a utilizada no envenenamento das crianças.

A decisão é da juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba. O advogado de defesa da mulher, Sammai Cavalcante, afirmou que a prisão foi baseada em provas rasas.

"Desde o início estamos defendendo a negativa de autoria e o laudo definitivo mostra a cristalina inocência dela, mostrando que os cajus não foram envenenados. Ela foi presa com prova subjetiva, circunstancial, com informações rasas", disse.
Vizinha foi presa em agosto de 2024 e deve ser solta | Divulgação/SSP-PI
Vizinha foi presa em agosto de 2024 e deve ser solta | Divulgação/SSP-PI

O delegado-geral da Polícia Civil, Lucy Keyko, confirmou que o laudo do Instituto de Criminalística não encontrou o veneno nas frutas. Com essa nova informação, não se sabe com qual alimento eles teriam sido envenenados. "Os cajus foram enviados para exames periciais e no exame não havia essa substância toxicológica", disse Keyko.

O Instituto de Criminalística realizou inicialmente exames nos corpos dos dois irmãos, que apontou a presença do terbufós, substância química usada como pesticida e mais nociva que o chumbinho. Faltava o exame nos cajus, que saiu cinco meses após a morte dos garotos.

+ Entenda elo familiar das 9 vítimas de suposto envenenamento no Piauí

Baião de dois envenenado

Ulisses e João Miguel foram envenenados em agosto do ano passado, cerca de cinco meses antes de sua mãe, Francisca Maria da Silva, dois irmãos e um tio também morrerem intoxicados por terbufós em Parnaíba, no litoral do Piauí. O padrasto da mulher, Francisco de Assis Pereira da Costa, foi preso na última quarta-feira (8) e é o principal suspeito do crime.

Igno Davi, Maria Lauane, Manoel Leandro e Francisca Maria morreram envenenados | Reprodução
Igno Davi, Maria Lauane, Manoel Leandro e Francisca Maria morreram envenenados | Reprodução

Outras quatro pessoas foram encaminhadas ao hospital após comerem o baião de dois envenenado, no dia 1º de janeiro. Três já receberam alta e uma menina, de 4 anos, permanece internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

Segundo a Polícia Civil, o baião de dois consumido havia sido contaminado com pesticida. O laudo do Departamento de Polícia Científica do Piauí confirmou a presença de terbufós na comida e no estômago das vítimas.

No dia do crime, Francisco chegou a ser internado alegando ter ingerido a comida envenenada junto com as outras oito pessoas. Ele foi liberado no mesmo dia. De acordo com os investigadores, o padrasto tinha uma relação tumultuada com Francisca Maria e com os outros moradores da casa onde o crime aconteceu. O homem, segundo o delegado Abimael Silva, tinha "nojo" e "raiva" da enteada e acreditava que ela era uma "criatura de mente vazia".

Outro possível envenenamento

O Departamento de Polícia Científica do Piauí estuda a possibilidade de exumação do corpo o ex-companheiro de Francisca Maria. O homem morreu no ano passado, antes de Ulisses Gabriel e João Miguel. Segundo o diretor-geral do departamento, Antônio Nunes, testemunhas contaram que ele apresentava sintomas como vômito e náusea.

"Uma vez que houve essa suspeição do senhor que está preso agora, que era o padrasto, e o ambiente era o mesmo, se tem conversado sobre isso. O delegado está pensando em requisitar ou não, mas para isso a gente está estudando o caso para verificar que condições foi enterrado, há quanto tempo e se há condições de se encontrar alguma coisa. Se houver. Se não houver, não fará sentido fazer exumação", afirmou o diretor.
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade