"Não queremos fazer nada que justifique piorar a nossa relação", afirma Lula sobre tarifaço dos EUA
Presidente diz que momento é de aproximação com Estados Unidos e que governo brasileiro "vai continuar teimando em negociação"

Hariane Bittencourt
Felipe Moraes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (13) que o governo brasileiro não quer "fazer nada que justifique piorar a nossa relação" com os Estados Unidos em meio ao tarifaço, em vigor desde 6 de agosto, de 50% sobre exportações nacionais. O mandatário disse que o país continua "teimando em negociação", mas também fez críticas aos EUA: "Se não querem comprar, nós vamos procurar outro país".
"A gente não merecia isso. Não foi só conosco. Estamos num debate que não é econômico, é um debate político com teor ideológico", declarou Lula em evento de assinatura da medida provisória (MP) com plano de socorro a setores e empresas afetados por tarifas.
"Se ele conhecesse a verdadeira história, estaria dando parabéns à Suprema Corte brasileira por estar julgando alguém que tratou de bagunçar a democracia brasileira", completou o presidente, em referência ao julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para setembro, de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
Uma das justificativas usadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para tarifaço é de que o ex-presidente estaria sendo alvo de "caça às bruxas" no Brasil. Nesse sentido, os Estados Unidos já anunciaram uma série de sanções ao ministro relator da ação penal da trama golpista, Alexandre de Moraes, e têm feito ataques ao Brasil por meio de diversos órgãos, como embaixada e Departamento de Estado.
"Não queremos fazer nada que justifique piorar a nossa relação. Neste momento estamos tentando aproximar relação", ponderou Lula. "A gente vai continuar teimando em negociação. Porque nós gostamos de negociar. E nós não queremos conflito. A soberania nossa é intocável. A gente vai fazer o que estiver no nosso alcance", completou.
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Lula: "Se os Estados Unidos não querem comprar, nós vamos procurar outro país"
O mandatário opinou que ações dos EUA contra o Brasil podem "jogar fora" uma relação de 201 anos de história. "Relevamos até o golpe de 64", falou. Lula também retomou críticas ao governo Trump, afirmando que "se os Estados Unidos não querem comprar, nós vamos procurar outro país".
"Temos que procurar outros parceiros. Nós vamos continuar vendendo as coisas do Brasil", disse. "Vou falar com África do Sul, França, Alemanha, com todo mundo. Junto ao Brics, vamos fazer teleconferência para discutir dentro dos Brics o que podemos fazer para melhorar a relação entre os países que foram afetados", avisou, citando viagem prevista à Índia em janeiro. "Quero levar pelo menos 500 empresários brasileiros."
"Ao invés de ficar chorando o que nós perdemos, vamos procurar ganhar em outro lugar. O mundo é muito grande e está ávido para fazer negociações com o Brasil", acrescentou.