Maria Corina Machado, líder da oposição venezuelana, ganha Prêmio Nobel da Paz 2025
Em vídeo divulgado pelo também opositor venezuelano, Edmundo Gonzalez, ela se disse "chocada" com o prêmio

SBT News
O Prêmio Nobel da Paz de 2025 foi entregue à venezuelana Maria Corina Machado, principal líder da oposição na Venezuela. A honraria foi concedida nesta sexta-feira (10).
Em vídeo divulgado pelo também opositor venezuelano, Edmundo Gonzalez, Machado se disse "chocada" com o prêmio.
“O Comitê Norueguês do Nobel decidiu conceder o Prêmio Nobel da Paz de 2025 a Maria Corina Machado por seu incansável trabalho na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”, publicou a organização norueguesa que premia personalidades em várias áreas.
Prisão durante posse de Maduro
Maria Corina Machado chegou a ser presa em janeiro, um dia antes da posse do presidente Nicolás Maduro. Ela participava de uma manifestação contra a posse do líder chavista. Quando deixava o ato, tiros foram disparados contra ela e integrantes de seu partido. María Corina foi detida por algumas horas e, posteriormente, o Comando de Campanha Nacional, partido opositor, informou sua libertação.
Na ocasião, foi a primeira aparição pública de María Corina em meses. Impedida de participar do pleito contra Maduro, ela foi substituída por Edmundo González, que se exilou na Espanha após a Corte Eleitoral da Venezuela, dominada pelo chavismo, anunciar a vitória do atual presidente.
"Achamos conveniente que ele [Edmundo Gonzáles] não deve voltar para o país neste momento. Não temos segurança. Maduro não poderá governar com a força da Venezuela que decidiu ser livre. Estamos mais unidos do que nunca. Maduro levou a diante um golpe de estado", disse, à época.
Quando foi presa, Corina disse que foi “interceptada, ameaçada durante o trajeto e levada a um local desconhecido, onde fiquei várias horas sem enxergar totalmente; atiraram em alguns que estavam comigo. Agora sinto dores pelo corpo, o que reflete a grave situação do país. Apesar disso, agradeço ao povo venezuelano por resistir à ditadura, mostrando a importância da luta pela liberdade", disse.
Organização do Prêmio cita "autoritarismo cada vez maior na Venezuela"
Em texto publicado sobre a venezuelana, a organização do Prêmio Nobel afirma que Maria Corina Machado "liderou a luta pela democracia diante do autoritarismo cada vez maior na Venezuela".
"Em 2023, ela anunciou sua candidatura à presidência nas eleições presidenciais de 2024. Quando ela foi impedida de concorrer, ela apoiou o candidato alternativo da oposição, Edmundo González Urrutia. A oposição se mobilizou amplamente e coletou documentação sistemática de que era o verdadeiro vencedor da eleição. O regime declarou vitória e reforçou seu controle sobre o poder", afirma a organização.
O academia que elegeu a venezuelana considera que o prêmio foi entregue pelos "esforços" promovidos por Maria na promoção da democracia no país sul-americano, mas pontuou que "a democracia também está em retirada internacionalmente". "A democracia – entendida como o direito de expressar livremente sua opinião, de votar e de ser representado em um governo eletivo – é a base da paz tanto dentro dos países quanto entre os países", acrescentou.
"Maria Corina Machado atende a todos os três critérios estabelecidos no testamento de Alfred Nobel para a seleção de um laureado com o Prêmio da Paz. Ela uniu a oposição de seu país. Ela nunca vacilou em resistir à militarização da sociedade venezuelana. Ela tem sido firme em seu apoio a uma transição pacífica para a democracia", pontuou o comitê.
Quem é Maria Corina Machado
A líder da oposição venezuelana e contrária à presidência chavista de Nicolás Maduro estudou finanças e engenharia. Em 1992, fundou a Fundação Atenea, que atua no auxílio a crianças de rua na capital Caracas.
Em 2002, fundou a Súmate, organização que visa promover eleições livres. Foi eleita para a Assembleia Nacional em 2010 com recorde de votos. Ela foi expulsa pelo regime chavista em 2014. Depois, passou a liderar o partido de oposição Vente Venezuela.
Em 2017, ajudou a fundar a Soy Venezuela, aliança entre opositores de Maduro com várias correntes políticas.
Seis anos depois, anunciou que se candidataria às eleições presidenciais de 2024. Corina foi impedida de concorrer e apoiou Edmundo González Urrutia, outro candidato oposicionista.
O que é o Prêmio Nobel?

O prêmio Nobel é uma das principais premiações do mundo para o reconhecimento de pessoas que desenvolvem trabalhos e pesquisas em benefício da humanidade. A cerimôni)a de entrega do título é feita anualmente, em Estocolmo, na Suécia.
O prêmio leva o nome do inventor, empresário e cientista Alfred Nobel, que, em seu testamento de 1895, destinou mais de 90% de sua fortuna a uma série de prêmios em física, química, fisiologia ou medicina, literatura e paz. A Fundação Nobel só surgiu em 1900, com sua primeira edição da premiação em 1901.
Entre os laureados Albert Einstein (1921), pelos estudos sobre o efeito fotoelétrico, Roberto Koch (1905), pela descoberta da causa da tuberculose, e Martin Luther King (1964), por seu ativismo em diferentes áreas dos movimentos civis. Malala Yousafzai também já recebeu o prêmio, em 2014, pela luta contra a repressão de crianças e jovens.
Os anúncios dos ganhadores do Prêmio Nobel de 2025 continuarão ao longo desta e da próxima semana. Na segunda-feira (13), será a vez do prêmio de Economia. Os vencedores dos Nobel de Medicina, Física e Química já foram anunciados.