IA no e-commerce: Tecnologia transforma atendimento e impulsiona vendas, mas gera debate sobre empregos
Cresce o uso de assistentes virtuais no comércio eletrônico, aumentando a eficiência, mas levantando preocupações sobre o impacto no mercado de trabalho
A revolução do e-commerce ganhou um novo impulso com a chegada da Inteligência Artificial (IA), que já transforma a maneira como as empresas atendem seus clientes. Um exemplo prático é a popularização dos assistentes virtuais, usados para otimizar o atendimento e melhorar a experiência do consumidor.
De acordo com o especialista em administração de empresas Samuel Gonsales, "75% das empresas de e-commerce já utilizam algum tipo de IA em seus atendimentos, como chatbots". Um desses exemplos é a assistente virtual "Tia Bete", criada para auxiliar pessoas com diabetes. Através do WhatsApp, Tia Bete responde a dúvidas sobre a doença, como a quantidade de carboidratos em alimentos. Basta enviar uma foto de um prato, e a IA identifica os componentes nutricionais rapidamente.
Outro exemplo de aplicação da IA no e-commerce é a assistente virtual "ANA", que simula o atendimento da especialista em dieta e treinamento físico Ana Wildner. ANA interage com os clientes como se fosse a própria Ana, oferecendo orientações personalizadas de dieta e exercícios, promovendo o programa de saúde da especialista.
A criação de assistentes virtuais como essas já está disponível para pequenas e grandes empresas, a partir de R$ 130, com o custo variando de acordo com o porte da companhia e o número de acessos ao serviço. Segundo Alexander Barros, CEO e cofundador da Chatvolt, "é possível configurar a IA com todo o conhecimento da empresa, incluindo o jeito de falar e as informações sobre produtos, o que permite um atendimento humanizado e eficiente 24 horas por dia".
No entanto, o uso cada vez maior dessas tecnologias levanta preocupações sobre o impacto nos empregos tradicionais. O professor de Direito Civil, Filipe José Medon Affonso, destaca que o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, lançado pelo governo, visa proteger os trabalhadores, incentivando a requalificação e capacitação da força de trabalho para que se adaptem às novas demandas. "Não há como frear a inovação. O que precisamos fazer é garantir que essa transição seja benéfica para os trabalhadores", afirma o professor.
No Senado, também há discussões em andamento para evitar demissões em massa com o avanço da IA. Medidas estão sendo analisadas para assegurar que os avanços tecnológicos não resultem em um impacto social negativo, equilibrando inovação e proteção ao emprego.
Dados de um estudo global realizado pela PwC, com mais de 2.000 empresas de e-commerce em 27 países, mostram que 76% dessas companhias já utilizam IA em seus negócios. No Brasil, um levantamento da Ebit/Nielsen revela que 75% das empresas de comércio eletrônico também já adotaram a tecnologia, o que tem proporcionado, em média, um aumento de 15% nas vendas e de 10% na satisfação dos clientes.
Com o uso cada vez mais difundido da IA no comércio eletrônico, a questão que se impõe é como equilibrar os benefícios da tecnologia com a necessidade de preservar e adaptar os empregos para o futuro.