María Corina Machado se pronuncia sobre posse na Venezuela: "Maduro não poderá governar um país que decidiu ser livre"
A líder da oposição também falou como foram as horas em que esteve detida por forças chavistas. Nicolás Maduro tomou posse nesta sexta-feira (10) sob protestos
SBT News
Poucas horas depois da posse de Nicolás Maduro para seu terceiro mandato como presidente da Venezuela nesta sexta-feira (10), María Corina Machado, líder da oposição, publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando que o país decidiu pela liberdade e que em breve Edmundo Gonzáles, candidato que ela apoia, tomará posse como presidente eleito.
"Achamos conveniente que ele [Edmundo Gonzáles] não deve voltar para o país neste momento. Não temos segurança. Maduro não poderá governar com a força da Venezuela que decidiu ser livre. Estamos mais unidos do que nunca. Maduro levou a diante um golpe de estado", afirmou.
No mesmo vídeo, em detalhes, María Corina comentou como foram as horas que ela esteve detida em posse de forças chavistas na quinta-feira (9).
"Fui interceptada, ameaçada durante o trajeto e levada a um local desconhecido, onde fiquei várias horas sem enxergar totalmente; atiraram em alguns que estavam comigo. Agora sinto dores pelo corpo, o que reflete a grave situação do país. Apesar disso, agradeço ao povo venezuelano por resistir à ditadura, mostrando a importância da luta pela liberdade", disse.
Diversas manifestações organizadas pela oposição ocorreram no país vizinho na véspera da posse de Nicolás Maduro. Ao sair de uma dessas manifestações, María Corina foi interceptada.
De acordo com seu partido, o Comando Venezuela, ela ficou detida por algumas horas e foi forçada a gravar um vídeo. Ainda na quinta-feira (9), circulou na internet um vídeo não verificado em que María Corina supostamente dizia estar bem, embora seu paradeiro permanecesse desconhecido.
Durante esta semana, outros opositores também foram presos por forças chavistas aliadas a Maduro. Entre eles está Manuel Muñoz, coordenador do partido oposicionista, cuja localização continua desconhecida até o fechamento deste texto.
O partido também relatou a prisão de Julio Balza, jornalista e membro da assessoria de imprensa de María Corina. Ele foi detido por militares ao deixar uma manifestação.
Na noite de terça-feira (7), a organização Un Mundo Sin Mordaza denunciou a detenção arbitrária de Enrique Márquez, ex-candidato à presidência e ex-vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela.
Posse de Maduro
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi empossado nesta sexta-feira (10) para um terceiro mandato, apesar das acusações de que houve fraude nas eleições presidenciais de julho de 2024 no país.
Em cerimônia esvaziada de chefes de Estado, com a presença apenas dos presidentes de Cuba e Nicarágua, Maduro fez o juramento de posse perante a Assembleia Nacional, controlada pelo partido governista. O Brasil enviou a embaixadora em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira, para a cerimônia.
Colômbia e México, que também participaram dos esforços fracassados para que Maduro entregasse as atas eleitorais que confirmassem sua vitória, enviaram embaixadores, enquanto Rússia, China e Belarus mandaram representantes políticos ao país. União Europeia, Canadá e Estados Unidos não compareceram à posse de Maduro, uma vez que reconheceram o líder da oposição, Edmundo González, atualmente exilado na Espanha, como presidente eleito.
"Hoje, mais que nunca, sinto o peso do compromisso. Sabem por quê? Porque o poder que tenho, o poder que represento, o poder que me dá a Constituição e essa faixa, não me foi dado por um governo estrangeiro, um presidente estrangeiro, nenhum governo gringo.", disse Maduro na Assembleia Nacional.
Sanções e pressão internacional
Após a posse de Nicolás Maduro, membros da comunidade internacional e líderes políticos se posicionaram contra seu mandato.
Os Estados Unidos elevaram a recompensa pela captura de Maduro para US$ 25 milhões (cerca de R$ 153 milhões) e ampliaram as sanções econômicas ao país. Além disso, outras oito autoridades do governo chavista foram alvo de restrições.
A União Europeia, o Reino Unido e o Canadá também impuseram novas sanções econômicas a 15 pessoas associadas ao governo venezuelano. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, declarou que "nunca apoiará a criminalização da oposição".
Na manhã desta sexta-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin, ao ser questionado sobre a posse, classificou-a como "lamentável" e ressaltou que "a democracia é civilizatória e precisa ser fortalecida".