Alta do IOF: Lula nega erro da Fazenda e confirma reunião para discutir alternativas e anunciar compensação
Presidente Lula afirmou que aumento do imposto foi inicialmente proposto com rapidez por Haddad no "afã de dar resposta à sociedade"
Felipe Moraes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou a jornalistas nesta terça-feira (3), em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, e confirmou reunião ainda hoje, no horário de almoço (às 13h), para debater alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e anunciar compensação.
Questionado por uma repórter, negou que o ministério da Fazenda tenha cometido erro no decreto que aumentou imposto e defendeu atuação de Fernando Haddad. Afirmou que chefe da equipe econômica do governo "queria anunciar rápido para dar resposta à sociedade" e que ministro "em nenhum momento teve problema para rediscutir o assunto".
"Acho que Ministério da Fazenda está tentando fazer reparo, que foi acontecimento do não cumprimento de uma decisão da Suprema Corte pelos companheiros senadores [...] Que, quando aprovaram desoneração [da folha de pagamentos], sabiam que tinham decisão [do Supremo Tribunal Federal, STF] obrigando a apresentar compensação. Haddad, no afã de dar resposta à sociedade, apresentou proposta que elaborou na Fazenda. Se houve reação, nós estamos discutindo essas outras possibilidades", completou.
Lula ainda falou que almoço de hoje será "na minha casa, com todas as pessoas" envolvidas na discussão. "Para saber se acordo está feito ou não, para anunciar compensação que Brasil precisa ter para colocar contas fiscais em ordem", continuou.
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Perguntado sobre declaração dada no último fim de semana, no congresso do PSB, sobre importância de governo dialogar com Congresso Nacional antes de enviar propostas, o presidente afirmou que o Executivo, de fato, precisa "reunir aqui as pessoas que são parceiras, e presidentes da Câmara e do Senado [...]".
"São 12 líderes [partidários] que têm influência nas decisões. Por que não discutir com eles? [Teve] reunião domingo à noite na minha casa. Reuniões ontem e hoje. E vai terminar hoje na minha casa, almoço que estou oferecendo pros companheiros que estão elaborando nova proposta [de alternativa ao aumento do IOF]", repetiu.
IOF: Haddad não teve "problema para rediscutir assunto", defende Lula
Ao comentar impasse sobre alta do IOF, com decreto publicado numa quinta e, horas depois, reeditado com recuo em dois pontos do imposto, Lula alegou que "não estava mais aqui" e admitiu que "poderia ter feito discussão".
"Não aconteceu [discussão] porque era sexta e queriam anunciar rápido, para dar tranquilidade à sociedade. Não acho que tenha sido erro. Em nenhum momento, companheiro Haddad teve problema para rediscutir assunto. Apresentação foi o que eles tinham pensado naquele instante", explicou.
Lula também reconheceu que "se aparece alguém com ideia melhor e topa discutir, vamos discutir". "Precisamos dar um voto e crédito aos nossos líderes", falou. "Essa é uma prática política que temos que aprender a fazer. Toda vez que tomamos atitude sem conversar, podemos cometer erros. Muita vezes, gente nossa tem proposta de mudança", continuou.
Fraudes no INSS: "Erro feito no governo passado", diz Lula
Lula também falou sobre fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O presidente voltou a dizer que "erro" foi "feito no governo passado [do ex-presidente Jair Bolsonaro]".
"Possivelmente, propositalmente. Ainda não estamos denunciando fortemente porque precisamos apurar. Sou contra fazer denúncia se você não tem prova", contornou.
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Lula disse confiar no trabalho de órgãos responsáveis pela investigação, citando Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal (PF), que revelaram esquema na operação Sem Desconto, em abril. Declarou que "quem errou vai ser punido" e que governo vai "devolver dinheiro a aposentados" vítimas do que chamou de "quadrilha".
O chefe do Executivo ainda ponderou que "não queremos punir nenhuma entidade de forma equivocada". "Não tem importância que demore. Quero somente a verdade, pra gente punir quem deve ser punido. Vamos ressarcir imediatamente", prometeu.
"O que pedimos é uma chance às entidades, para que apresentem provas da veracidade da assinatura das pessoas. Até agora, não apresentaram. Se não cometeu erro, não tem que pagar. Mas outras terão, com devolução, perda de patrimônio. Pra gente ajudar aposentados a andarem de cabeça erguida neste país", comentou.