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Economia

Impasse do IOF: "Problema não é financeiro, é político", avalia especialista

Economista e professora da FGV critica falta de vontade política para reforma fiscal e aponta privilégios como entrave

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Enquanto o governo e o Congresso discutem alternativas para o ajuste fiscal, a economista Carla Beni, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirma que o principal obstáculo para uma reforma tributária eficiente não é a falta de recursos, mas a resistência em cortar benefícios de grupos privilegiados.

Em entrevista ao SBT News, nesta segunda-feira (2), ela destacou que o Brasil tem cerca de R$ 800 bilhões em isenções tributárias, além de supersalários no funcionalismo público e um déficit crescente nas aposentadorias militares — mas a revisão desses gastos esbarra em barreiras políticas.

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"Há um discurso público de responsabilidade fiscal, mas, na prática, quando se propõe cortar privilégios de Executivo, Legislativo, Judiciário ou Ministério Público, a resistência é imediata", afirma Beni. Segundo ela, o Congresso tem papel crucial na aprovação de medidas estruturais, mas falta disposição para enfrentar interesses consolidados.

A especialista ressalta que, enquanto o governo recorre a soluções de curto prazo, como alterações no IOF, o país carece de um planejamento de longo prazo. "É fácil gravar vídeos defendendo austeridade, mas, na hora de sentar à mesa e abrir mão de benefícios, muitos preferem empurrar o problema para outros", critica.

Para Beni, o impasse atual reflete uma cultura política que prioriza o discurso em vez da ação. "Enquanto não houver coragem para rever subsídios, supersalários e regras privilegiadas, continuaremos patinando em reformas superficiais", conclui. A solução, segundo ela, exige um pacto entre os Poderes — algo que, até agora, parece distante.

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