Alexandre Ramagem diz estar “seguro” nos EUA “com a anuência e o conhecimento do governo americano”
Deputado federal condenado no STF pela tentativa de golpe de Estado afirma ser “perseguido” por apoiar Jair Bolsonaro


Jessica Cardoso
O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou que está “seguro” nos Estados Unidos “com a anuência e o conhecimento do governo americano”. As declarações foram dadas em entrevista ao Conversa Timeline no sábado (22).
O programa é exibido no YouTube e apresentado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira desde 2021.
Ramagem foi condenado a 16 anos de prisão no Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. O processo no qual ele foi condenado ainda não transitou em julgado e está em fase final de recursos, mas ele tinha medidas cautelares que proibiam sua saída do país e determinavam a entrega de seus passaportes.
A possibilidade de fuga foi relatada pelo Psol ao STF na última quarta-feira (19), depois que o site PlatôBR divulgou imagens do deputado em Miami. O parlamentar é considerado foragido da Justiça brasileira desde a ordem de prisão preventiva emitida na sexta-feira (21).
Durante a entrevista, Ramagem confirmou que está em Orlando. Ele disse ter deixado o Brasil porque, segundo ele, permanecer no país significaria ser preso injustamente.
“É lógico que eu não ia ficar no Brasil [...] com as minhas filhas me vendo ser preso sem eu ter cometido crime algum, sofrendo diante de uma ditadura”, afirmou.
O ex-diretor da Abin também declarou ser alvo de perseguição política por sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Essa perseguição contra mim, grave, a gente vai acabando por ter ciência, consciência disso, desvendando os porquês ao longo do tempo. No início, por ser um aliado sempre ao lado do presidente Bolsonaro, que conhece de segurança pública, conhece inteligência, que eles precisam derrubar, mas nós vamos verificando que eles querem derrubar todas as pessoas importantes que estão protegendo o Brasil contra esse sistema oligárquico [e] tirano”, disse.
Ramagem também afirmou que mantém relação de cooperação com autoridades norte-americanas.
“Eu digo nas palavras até do governo americano para mim: ‘Que bom que temos um amigo que está em segurança a salvo aqui nos Estados Unidos’”, disse, completando que recebe “apoio dos norte-americanos” diante do cenário político brasileiro.
PL DA ANISTIA
Em vídeo publicado no X nesta segunda-feira (24), Alexandre Ramagem defendeu que o Congresso aprove um projeto de anistia para investigados e condenados pelos atos antidemocráticos.
O deputado cobrou ação das bancadas ruralista e evangélica, dizendo que ambas seriam decisivas para aprovar o texto.
“É hora de anistia ampla, geral e irrestrita. Cadê a bancada do agro? Vai ficar do lado dos destruidores do país? Cadê a bancada evangélica? Vai ficar do lado de quem persegue, de quem é contra a família, os valores cristãos?”, afirmou.
Ele completou afirmando que com os votos das bancadas, a Câmara aprovará a anistia.
“É hora de conseguir pautar a anistia. Se pautar, passa. Consegue a aprovação na Câmara e no Senado. É o momento de fazer o melhor. É o momento de fazer o que é certo para o nosso Brasil”, declarou.
O parlamentar também criticou o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “violador de direitos humanos” e “tirano da toga”, ao comentar a possibilidade de um pedido de extradição.
“Ele vai ter que enviar essa ação do golpe nula do começo ao fim, cheia de ilegalidades, inconstitucionalidades, perseguições [...]. É só mandar formalmente para cá e esperar a declaração da maior nação livre, efetivamente democrática do mundo”, declarou.
Ramagem também rejeitou a classificação de que é foragido, afirmando que já estava nos Estados Unidos antes de ter sua prisão preventiva decretada. Ele afirmou ainda que continuará exercendo o mandato à distância, alegando respaldo legal.
“Eu estou regular. Eu posso, sim, continuar minha atuação parlamentar, mesmo à distância, como vários de vários partidos fazem também. Estou respaldado na Constituição, nas leis, no regimento, no regramento da Câmara, eu tenho certeza que os meus eleitores apoiam a minha atuação”, disse.








