Matou com Porsche: Justiça nega pela 7ª vez pedido de liberdade de Fernando Sastre
Empresário causou acidente que resultou na morte do motorista de aplicativo Ornaldo Viana, em março de 2024, em São Paulo

Emanuelle Menezes
A Justiça de São Paulo negou nesta quinta-feira (13), por unanimidade, um recurso de Fernando Sastre de Andrade Filho contra a decisão que o mantém preso há quase um ano. Em março do ano passado, ele dirigia um Porsche em alta velocidade e atingiu a traseira de outro veículo, causando a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana.
Fernando responde pelos crimes de homicídio qualificado por "perigo comum", já que colocou a vida de outras pessoas em risco, com dolo eventual, por ter assumido o risco de matar o motorista de aplicativo, e também por lesão corporal gravíssima, por ferir o amigo Marcus Vinicius Machado Rocha, que estava no banco do passageiro do Porsche.
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De acordo com o Tribunal de Justiça, o recurso foi negado pela 5ª Câmara de Direito Criminal. Um pedido do Ministério Público, para que o empresário respondesse também pela qualificadora de "emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima", também não foi aceito.
Esse é o sétimo recurso da defesa de Sastre a ser negado pela Justiça. Preso preventivamente desde 6 de maio, o dono do Porsche aguarda o julgamento na Penitenciária II de Tremembé, no interior de São Paulo. O SBT News entrou em contato com os advogados de Fernando Sastre e aguarda retorno.

Em janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) também negou o pedido de habeas corpus da defesa do empresário. O ministro Gilmar Mendes afirmou que a prisão preventiva do motorista é legal, sustentando que consta nos autos do processo que ele dirigia sob efeito de álcool e em velocidade três vezes acima do limite permitido no local do acidente.
O acidente que causou a morte de Ornaldo Viana aconteceu na madrugada de 31 de março de 2024, na Avenida Salim Farah Maluf, na zona leste de São Paulo. De acordo com o Ministério Público, Fernando ingeriu bebida alcoólica em dois estabelecimentos antes de dirigir o Porsche. A namorada dele e um casal de amigos tentaram impedi-lo de dirigir, mas o condutor ainda assim optou por assumir o risco.
Na avenida, ainda segundo o MPSP, Fernando trafegou a mais de 150 km/h. O Instituto de Criminalística (IC) indicou, em um laudo, que o carro de luxo bateu na traseira da vítima a 156 km/h. O limite para a via era de 50 km/h.
Fernando se apresentou à autoridade policial mais de 36 horas depois da colisão, tendo deixado o local do acidente sem fazer o teste do bafômetro, com autorização dos policiais militares que atenderam à ocorrência. A conduta dos agentes também é investigada.
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O acidente
O motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos, dirigia um Renault Sandero branco pela Avenida Salim Farah Maluf, por volta das 02h30, quando foi atingido na traseira pelo Porsche 911 Carrera, avaliado em R$ 1,2 milhão. O carro de luxo era conduzido por Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos.
Ornaldo foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Municipal do Tatuapé, onde deu entrada com quadro de parada cardiorrespiratória. Segundo os médicos que o atenderam, ele morreu "devido a traumatismos múltiplos não especificados".

A mãe de Fernando chegou ao local do acidente afirmando aos PMs que levaria o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, por causa de um ferimento leve na região da boca. Quando os policiais foram até o hospital, para realizar o teste do bafômetro e ouvir a versão dele do que tinha acontecido, foram informados por funcionários de que ele não deu entrada em nenhum dos hospitais da Rede São Luiz.
Fernando foi até a delegacia, acompanhado de advogados, quase 40 horas após o acidente. Ele teve a prisão preventiva decretada em maio e foi levado para a Penitenciária de Tremembé, no interior do estado, onde permanece aguardando julgamento.