Marinha nega "tanques prontos" para golpe e diz que não houve "ordem, planejamento ou mobilização de blindados"
Resposta veio após divulgação de mensagens sobre suposto apoio a plano golpista no fim de 2022
Depois da divulgação das mensagens de celular que revelam que o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria concordado com plano de golpe de Estado e até disponibilizado "tanques prontos", a força militar nega, nesta quarta-feira (27), "ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados" para uma suposta ruptura democrática.
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A conversa foi encontrada durante investigação da Polícia Federal (PF) sobre plano golpista para impedir posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após eleições de 2022.
Esse planejamento teria sido articulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo vice dele na chapa derrotada, o general da reserva e ex-ministro da Defesa e Casa Civil Walter Souza Braga Netto, entre outros nomes. Ambos negam envolvimento. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também seriam alvos da trama golpista.
"Atos são pautados pela rigorosa observância da legislação", diz Marinha
Em nota, a Marinha nega existência desses "tanques prontos" para um golpe. Segundo comunicado da força, a prontidão dos meios navais, aeronavais e dos fuzileiros navais permanece voltada exclusivamente para as atribuições institucionais, não sendo desviada para iniciativas que possam impedir ou restringir o funcionamento dos Poderes Constitucionais.
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No documento, a Marinha fala em "matérias veiculadas na mídia". As reportagens a que a força se refere se baseiam em mensagens encontradas pela PF que mostram uma conversa com um contato identificado como "Riva". Na troca de textos, o interlocutor diz que o almirante Garnier era um "aliado".
Material da investigação veio à tona nessa terça (26), após Moraes retirar sigilo do relatório da PF sobre inquérito que apura suposta trama golpista.
A PF pediu indiciamento de 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, ex-ministros e militares. A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve decidir somente em 2025 se apresenta denúncia contra investigados.
Leia nota da Marinha:
MARINHA DO BRASIL
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA
NOTA À IMPRENSA
Em relação às matérias veiculadas na mídia que mencionam 'tanques na rua prontos para o golpe', a Marinha do Brasil (MB) afiança que em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito.
Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais.
A Marinha do Brasil, instituição nacional, permanente e regular, assegura que seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência. Ademais, a MB encontra-se à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações que se fizerem necessárias para o inteiro esclarecimento dos fatos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça.