Fuga do presídio de Mossoró completa um mês: entenda as buscas, prisões e pistas dos foragidos
Cerco a membros de facção é concentrado em zona rural de Baraúna (RN); ministro da Justiça foi ao estado para defender ação
A fuga do Presídio Federal de Mossoró (RN) completa um mês nesta quinta-feira (14), sem a localização de Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça.
Integrantes da força-tarefa que atua na caçada aos dois criminosos acreditam estar próximos da localização deles, depois que cães farejadores identificaram vestígios de presença humana em uma área rural em que estão concentradas as buscas.
+ Fugitivos estão cercados e receberam apoio externo, diz ministro da Justiça em 2ª visita a Mossoró
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, está no Rio Grande do Norte. Ele afirmou que o prazo de buscas não é considerado um problema, na avaliação das autoridades, e que o cerco está se fechando, em entrevista coletiva nessa quarta-feira (13).
Em Mossoró pela segunda vez desde a fuga, Lewandowski teve uma reunião com os comandos de equipes que integram a força-tarefa responsável pelas buscas.
"Temos hoje convicção de que eles se encontram na região ainda. No dia 2 de março, foram avistados. E no dia 12 de março, houve rastreamento positivo, que foi feito a partir da constatação de que cães de determinada casa ficaram bastante agitados", afirmou o ministro da Justiça em Mossoró (RN), nessa quarta (13).
Farejadores
Polícias de sete estados disponibilizaram cães especializados na localização de pessoas. Os chamados K-9 reforçaram a equipe de buscas da força-tarefa, que tem mais de 500 homens. Depois de um período de chuvas, que atrapalhou a caçada aos criminosos, houve avanços na última terça (12).
Com as buscas concentradas em uma área rural, em Baraúna (RN), o uso de cães farejadores foi intensificado. A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) requisitou 12 cães especialistas em localização humana.
Os K-9 chegaram de Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Maranhão e Ceará. Há ainda cães da polícia penal do Rio Grande do Norte.
Entenda a caçada em Mossoró
Deibson e Rogério fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró há 30 dias. Nas buscas, as forças de segurança identificaram: rastros dos foragidos logo nos primeiros dias, a rota percorrida que os levava ao Ceará, um esconderijo, vestígios e dois veículos apreendidos; além disso, suspeitos de colaborar foram presos.
Na manhã de 14 de fevereiro, a direção da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, detecta e comunicada a fuga de dois presos, de forma inexplicada.
+ Presídios federais têm ocupação controlada, restrições de visitas e rodízio constante de presos
Foi a primeira fuga do sistema prisional federal, que começou a funcionar em 2006. São cinco unidades de segurança máxima em funcionamento no país: Mossoró (RN), Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
A Polícia Federal (PF) abre investigação para apurar como os dois presos escaparam de Mossoró. As apurações indicaram que os fugitivos teriam escapado pelo buraco da luminária da cela, para acessar o forro do presídio e sair a pé pela cerca da unidade.
+ Após primeira fuga em penitenciária federal, governo altera regras para todas as prisões
Autoridades federais vão até Mossoró e as primeiras medidas de intervenção são anunciadas, junto com a formação da força-tarefa que inicia as buscas pelos dois fugitivos no mesmo dia.
Os dois presos em fuga são identificados: Deibson Cabral Nascimento, de 34 anos, conhecido como Deisinho ou Tatu, e Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, conhecido como Martelo. Eles são membros do Comando Vermelho (CV) do Acre, teriam rompido com a facção local e buscado apoio no CV do Rio.
+ Simulações virtuais mostram possíveis disfarces e aparências de fugitivos de Mossoró
Os dois fugitivos chegaram a Mossoró em janeiro, no último rodízio de rotina, junto com Fernandinho Beira-Mar, líder da facção do Rio. Seus nomes foram incluídos no Sistema de Difusão Vermelha da Interpol — nível máximo de alerta para criminosos — e as fronteiras receberam reforço. Ambos atuavam na região de fronteira do Brasil com a Bolívia.
Uma força-tarefa com mais de 500 homens faz a caçada pelos fugitivos. O grupo é integrado por agentes da Secretaria Nacional de Políticas Penais, Secretaria de Segurança Pública do RN e pelas polícias Federal, Rodoviária, Militar, Civil, além do Corpo de Bombeiros. Há ainda apoio da Força Nacional.
Seis pessoas foram presas nesses 30 dias de caçada aos fugitivos de Mossoró. Por ordem da Justiça do Rio Grande do Norte, cinco deles foram detidos por colaborar, supostamente, com a fuga dos alvos.
+ PF procura casal que teria comprado roupas para fugitivos do presídio de Mossoró
Além do fornecimento de dois veículos, que foram apreendidos, o irmão de um dos fugitivos foi detido e o dono do sítio, em Baraúnas (RN), em que eles se esconderam por oito dias, também acabou preso.
Roupas, utensílios, comidas e dois carros são algumas das pistas que a força-tarefa reuniu nesses 30 dias de caçada. O esconderijo descoberto em Baraúna, onde passaram oito dias, está na direção da divisa do Ceará, para onde a PF acredita que eles fugiriam.
+ Fugitivos de Mossoró foram vistos por testemunhas e PF suspeita que estejam armados
Os criminosos deixaram vestígios que foram recolhidos e estão com a perícia. Entre eles, um facão, lonas, embalagens de comida e registros de imagens dos esconderijos cavados na terra, que seriam usados para atrapalhar o rastreamento aéreo por calor feito pelas polícias, com drones e helicópteros.
As prisões dos fugitivos de Mossoró podem ser feitas em breve, acreditam investigadores. O cerco está fechado em um raio de 1 km, na zona rural de Baraúna. A força-tarefa concentra esforços no local, após eles terem invadido um galpão agrícola de uma fazenda no último final de semana.
Nesta semana, os cães policiais farejadores identificaram presença humana em um local por onde os dois fugitivos teriam passado recentemente.
Leia também:
+ Facções brasileiras usam fazendas em países vizinhos de bunkers antipolícia