Questão do aborto é inegociável para bancada evangélica, diz deputado Pastor Eurico
Presidente da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família também falou sobre relação de Lula com parlamentares religiosos
O deputado Pastor Eurico (PL-PE), presidente da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara, disse ao Brasil Agora desta sexta-feira (7) que a questão do aborto é inegociável para a bancada evangélica do Congresso Nacional.
Eurico deu declaração em entrevista à jornalista Iasmin Costa e comentou a suspensão judicial da resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proíbe assistolia fetal em gravidez acima de 22 semanas.
"Ela [criança] sofre, tem dor. Absurdo o que ela passa. Fomos surpreendidos por ação judicializada por partidos que defendem extermínio de vidas", criticou o parlamentar. "É o cúmulo do absurdo. Isso está na contramão do correto", classificou Eurico sobre a suspensão da proibição.
Eurico declarou que, sobre aborto, "prevalece a inegociação" da bancada evangélica. "Até ateus não defendem essa cultura da morte. Quando querem nos atacar, usam pecha da religiosidade. Temos pés no chão. Não negociamos pontos principais daquilo que defendemos como valores morais, espirituais, valores humanos", completou.
Recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para gestações acima de 22 semanas, o procedimento da assistolia fetal é usado por médicos em aborto legal em casos de estupro.
A decisão de suspender a norma foi do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na retomada de julgamento, no fim de maio, o ministro Nunes Marques pediu destaque e a sessão, interrompida, ainda não tem data para ser retomada, agora em plenário físico. O placar está em 1 a 1 — ministro André Mendonça deu voto favorável à medida do CFM.
Na entrevista, Eurico também comentou a relação da bancada evangélica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que "há conversa" e também "embates", citando reação de parlamentares conservadores à recomendação do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, contra proselitismo religioso -- tentar converter pessoas -- em presídios.
"Já tivemos reunião com o ministro da Justiça [Ricardo Lewandowski]. Estamos tentando chegar a consenso. É direito dar assistência religiosa no presídio. Agora, fazermos como eles querem, não é assim. Quem mais soma na recuperação de presos são os trabalhos realizados de forma religiosa, espirituais, que sejam espíritas, católicos, evangélicos", apontou.
Na entrevista ao Brasil Agora, Eurico também detalhou medidas da Comissão da Família contra a exploração sexual infantil.