Lula recebe alta por recuperação "acima do esperado" e aparece em entrevista de médicos
Petista foi submetido a dois procedimentos na cabeça na última semana e agora deve permanecer em repouso relativo por cerca de 15 dias
Emanuelle Menezes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu alta, no fim da manhã deste domingo (15), após quase uma semana de internação no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O petista realizou dois procedimentos na cabeça para tratar um hematoma intracraniano, decorrente de um acidente doméstico ocorrido em outubro. A equipe médica afirmou que a recuperação do presidente foi "acima do esperado".
"Devido à recuperação do nosso paciente, que foi extremamente acima do esperado, então, para a felicidade minha e de toda a nossa equipe, o presidente está de alta hospitalar e deve voltar para casa", disse Ana Helena Germoglio, chefe da equipe médica da presidência da República.
Durante entrevista da equipe médica à imprensa, Lula apareceu para agradecer aos profissionais que cuidaram dele. O presidente relembrou como foram os dias anteriores à cirurgia e disse que começou a se sentir estranho na manhã de segunda-feira (9).
"No final da tarde (de segunda), eu mandei chamar a doutora Ana (Germoglio) no meu gabinete e disse para ela que eu estava sentindo umas coisas estranhas. Eu estava sentindo os meus passos mais lentos, estava com os olhos vermelhos, com muito sono", contou.
De chapéu para proteger a cicatriz, Lula se emocionou ao contar que se assustou com o que aconteceu.
"Como eu achava que eu estava curado, eu confesso a vocês que eu fiquei um pouco assustado pelo volume de crescimento do líquido na minha cabeça. Eu fiquei preocupado com a urgência que eles pediram para eu vir para cá (São Paulo)", disse o presidente.
O médico pessoal de Lula, Roberto Kalil, disse que o presidente deve manter repouso relativo por cerca de 15 dias, mas que poderá retomar a rotina de trabalho. Lula está proibido de realizar atividades físicas e de fazer viagens internacionais.
O petista deve ficar em São Paulo até a próxima quinta-feira (19), quando passará por uma reavaliação médica e fará uma tomografia de controle.
Cirurgia
Lula deu entrada no Hospital Sírio-Libanês de Brasília na segunda-feira (9), alegando mal-estar e dores de cabeça. No local, ele passou por uma ressonância magnética, que detectou uma hemorragia intracraniana de um hematoma decorrente do acidente domiciliar ocorrido em outubro – em que precisou levar cinco pontos na cabeça.
O presidente, então, foi transferido para a unidade do hospital em São Paulo, onde passou pelo procedimento cirúrgico – conhecido como trepanação. No caso de Lula, as perfurações no crânio foram feitas em duas lâminas da meninge, seguidas da colocação de um dreno, por onde sai o sangue acumulado após a hemorragia.
A embolização, realizada nesta quinta, já era prevista desde a intervenção cirúrgica, segundo Kalil. De acordo com o médico pessoal de Lula, o procedimento é um desdobramento rotineiro para casos como o do petista.
"Já estava sendo discutido, como complemento à cirurgia inicial, essa embolização, porque quando você drena o hematoma, existe uma possibilidade de, no futuro, as pequenas artérias causarem um sangramento. Este novo procedimento é para minimizar o risco disso acontecer. E [o procedimento] é de baixo risco", disse.
Queda no banheiro
Lula cortava as unhas, sentado em um banco, quando escorregou e bateu a cabeça, no banheiro do Palácio da Alvorada, em Brasília, no dia 19 de outubro. Ele precisou levar cinco pontos na região occipital – localizada na parte de trás da cabeça – e teve um hematoma subdural, entre o crânio e o cérebro.
O presidente foi orientado a evitar viagens aéreas de longa distância e só foi liberado após três semanas.