A trajetória política de Jair Bolsonaro: da ascensão ao declínio
Da carreira militar ao Palácio do Planalto, veja como Bolsonaro chegou à presidência e enfrenta hoje acusações na Justiça
SBT Brasil
A trajetória política de Jair Bolsonaro começou no fim da década de 1980, quando ainda seguia carreira no Exército, no Rio de Janeiro. Paraquedista de formação, ganhou notoriedade em 1986 ao publicar um artigo em revista nacional reclamando dos baixos salários pagos aos militares. A atitude rendeu 15 dias de prisão por transgressão grave, mas despertou o interesse dele pela política.
Em 1988, já na reserva, Bolsonaro foi eleito vereador do Rio de Janeiro. Dois anos depois, em 1990, conquistou uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília, onde permaneceu por seis mandatos consecutivos até 2018. Nesse período, defendeu pautas ligadas às Forças Armadas e protagonizou embates frequentes no plenário.
Durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, Bolsonaro já demonstrava intenção de concorrer à presidência. Com a onda antipetista impulsionada pela Operação Lava Jato, ganhou espaço entre parte da população insatisfeita com os governos anteriores.
Em 2018, fez uma campanha marcada pelo uso das redes sociais, já que tinha apenas oito segundos de propaganda eleitoral na TV. Em setembro daquele ano, durante um ato em Juiz de Fora (MG), sofreu um atentado a faca que aumentou sua visibilidade. No mês seguinte, foi eleito presidente com 57,7 milhões de votos (55,13%), derrotando Fernando Haddad (PT).
No governo, Jair Bolsonaro manteve contato direto com apoiadores, principalmente no “cercadinho” do Palácio da Alvorada, nas motociatas e nas transmissões ao vivo semanais.
Derrota, trama golpista e investigações
Em 2022, tentou a reeleição, mas perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva por uma diferença de cerca de 2 milhões de votos. Foi o primeiro presidente, desde a redemocratização, a não conseguir se reeleger. Após o resultado, Bolsonaro evitou reconhecer a derrota. Acampamentos pedindo intervenção militar se formaram em frente a quartéis e, em 8 de janeiro de 2023, milhares de pessoas atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
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As investigações apontaram que aliados de Bolsonaro discutiram um possível estado de sítio para impedir a posse de Lula, mas a falta de apoio das Forças Armadas teria frustrado o plano. No fim de dezembro de 2022, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, evitando passar a faixa presidencial.
Em 2023, a prisão do ex-ajudante de ordens Mauro Cid trouxe novos elementos contra Bolsonaro. O militar fechou acordo de delação premiada com a Polícia Federal, envolvendo o ex-presidente em suspeitas de fraude em certificados de vacinação.
No mesmo período, Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral à inelegibilidade por oito anos, após reunião com embaixadores em que questionou a segurança das urnas eletrônicas.
Já em 2024, sua situação se agravou. Em fevereiro, teve o celular apreendido e foi proibido de sair do país em investigação sobre tentativa de golpe de Estado. No Supremo Tribunal Federal, tornou-se réu por cinco crimes.
Com o avanço das investigações, Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, intensificou ataques ao STF. Ele buscou apoio nos Estados Unidos e defendeu sanções contra ministros da Corte, o que levou à abertura de novo inquérito por obstrução de Justiça. Jair Bolsonaro foi indiciado junto ao filho e obrigado a usar tornozeleira eletrônica.
Acusado de violar medidas cautelares, teve a prisão domiciliar decretada, um desfecho simbólico para quem foi a principal liderança da direita no país.