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Política

“Trabalho para que eles não encontrem diálogo”, diz Eduardo Bolsonaro sobre missão do Senado aos EUA

Ao SBT, o deputado licenciado afirmou que não irá renunciar ao cargo e que o Brasil ignora que o problema com os EUA é político e não meramente econômico

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Washington DC - Um dia antes da comissão com oito senadores brasileiros iniciar a agenda oficial de três dias na capital americana, aconteceu em Miami a Cúpula Conservadora do Brasil. No palco, a frente de uma plateia composta majoritariamente de brasileiros que vivem nos Estados Unidos há pelo menos uma década, o vereador carioca Rafael Satiê (PL-RJ) abriu um painel com cinco convidados. Entre eles, nomes que estão na mira da justiça brasileira, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo.

Ao fim do evento, o SBT conversou com Eduardo Bolsonaro. O deputado afirmou à reportagem logo após a gravação que trabalha para que os senadores não encontrem o diálogo e disse que não vai renunciar. O parlamentar, que está nos Estados Unidos licenciado do cargo desde março e recentemente teve as contas e bens bloqueados por ordem do juiz do STF Alexandre de Moraes, criticou a visita da delegação brasileira. Disse acreditar que em breve virão sanções contra outras autoridades, além da suspensão de vistos anunciada em 18 de julho e que "Trump não está atacando a soberania do Brasil" mas defendendo a soberania dos norte-americanos. Eduardo Bolsonaro também disse que este não é o tempo de encontrar o meio termo como se o momento fosse de paz e que "o Brasil tem tido a síndrome de avestruz”. Afirmou que o desafio é político e não meramente econômico. "Colocam a cabeça embaixo da terra, ignorando que o problema é uma crise institucional”.

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PV: A comitiva, delegação de senadores. O senhor acha positivo?

EB: Eu acho negativo. Eu acho que eles vindo com esta visão estritamente comercial da coisa, quando o Trump já deixou claro em declarações, posts na rede social e até mesmo em uma carta que o problema não é estritamente comercial, mas sim institucional. Quando eles vêm pra cá para fazer este tipo de coisa, eles dão esperança a estas autoridades, principalmente do judiciário, de que existe um meio termo, de que existe um caminho onde não seja necessário o Alexandre de Moraes se mover. Então eles prolongam o sacrifício dos brasileiros. Conhecendo bem o Trump, inclusive já tem notícias da imprensa dando conta de que ele deu ordem para os seus secretários não receberem estas comitivas, conhecendo um pouquinho do Trump, a tarifa será aplicada.

Não porque ele é uma pessoa má ou deseje o pior para o Brasil mas porque o Brasil tem sido ineficiente em dar a resposta. Tem tido a síndrome de avestruz. Colocam a cabeça embaixo da terra, ignorando que o problema é uma crise institucional. É um problema dentro do judiciário, é um problema político e não meramente econômico. Se o Brasil der um primeiro passo para mostrar que está disposto a resolver esta situação, o Trump, sim, abre uma mesa de negociação com o Brasil.

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PV: O senhor acredita que sai alguma decisão de Washington em relação ao Brasil esta semana?

EB: Olha, eu acredito que venha sim sanções muito em breve. É difícil você falar num dia, mas o sentimento e a expectativa é que venham sanções Magnitsky contra o Alexandre de Moraes e talvez outras autoridades. Ou melhor, sanções OFAC que podem ser aplicadas através da lei Magnitsky ou do instrumento chamado Iepa. Eu acredito que sim porque o Brasil não tem dado a resposta, não tem se comportado como uma democracia ocidental. Tem se comportado como uma ditadura muito similar à Venezuelana e os tratamentos dispensados às ditaduras são estes de sanções, complicações econômicas, até porque não se gera riqueza numa ditadura. Não ache o brasileiro que poderia resolver o problema das tarifas e estaria tudo bem. Não. Estaria fadado a trabalhar numa alta carga tributária para sustentar este regime que está aí. Este regime não vai permitir que a gente tenha eleições livres ano que vem. Vai deixar Bolsonaro inelegível, vai me deixar inelegível, um monte de gente do PL responde dentro do STF e sempre com processos baseados naquilo que se fala, quase nunca é problema de corrupção ou qualquer coisa deste tipo. Então existe uma judicialização, uma estratégia, que eles falam aqui “weaponization" do judiciário. O Trump sofreu com isso e não quer que outros países também sofram.

PV: Da última vez que nos encontramos e nos falamos, inclusive foi naquela nossa entrevista, já tem um mês. Muita coisa mudou. Como está sua vida aqui nos Estados Unidos?

EB: Agora eu encontro com um processo que não são mais doze anos, é uma investigação que o próprio Alexandre de Moraes abriu, lembrando que ele disse “a gente tem que pegar o Eduardo Bolsonaro”, que tá pedindo cerca de vinte anos de cadeia pra mim. Eu estou com as minhas contas bancárias congeladas, a minha esposa tá com as contas bancárias dela congeladas. Por outro lado, nós temos uma tarifa de cinquenta por cento no Brasil, oito ministros do STF mais PGR sem os vistos e se eles continuarem aí vai continuar sanção OFAC e outras medidas mais. O Alexandre de Moraes encontrou um adversário a altura, se ele acha que vai intimidar o Trump fazendo, dobrando a aposta que é o que ele sempre faz, lamentavelmente haverá mais sofrimento por parte destas autoridades brasileiras.

Ao fim, o deputado licenciado voltou a pontuar sua opinião sobre a comitiva dos legisladores brasileiros.

EB: E esta comitiva de senadores ignora a questão mais básica que é a questão da crise institucional. Como que Trump abriu a carta dele? Jair Bolsonaro, seus apoiadores e seus familiares, a perseguição. Depois ele fala também da questão de eleições limpas e transparentes. Ele fala na violação de direitos das empresas americanas, dentro do Brasil. Existe toda uma reclamação. Moraes, ele estava fazendo mandado de prisão contra cidadão americano com base de tweets dados a partir dos Estados Unidos. Então, o Trump não está atacando a soberania do Brasil. Ele está defendendo a soberania dele, os interesses dos americanos e dando o tratamento no Brasil que é um tratamento de ditadura que é o que tem sido no país.

PV: Não vão encontrar diálogo então?

EB: Com certeza não e eu trabalho para que eles não encontrem diálogo porque eu sei que vindo deste tipo de pessoa só haverá acordos daquele tipo meio termo, que não é nem certo nem errado. Eu sei o que é certo. Não é dar dezessete anos de cadeia para as velhinhas. Eu quero a liberdade destas pessoas. E o meio termo é o que? Oito anos, cinco anos? Porque estas pessoas, estes políticos nunca se expõem defendendo a liberdade destas flagrantes injustiças? O que eles estão fazendo para acabar com este tipo de situação ou será que é só quando atinge o bolso, talvez dos seus financiadores é que eles se movem. Eu trabalho por princípios e eu estou pescando o resultado disso também. Não trabalho por conta de likes ou aumento de apoiadores, seguidores na rede social, mas as minhas redes sociais estão aumentando. Se você for nas redes sociais destes senadores você vai ver que existe uma crítica muito forte porque ninguém aguenta mais este tipo de situação. A gente não tá mais no tempo de ficar encontrando meio termo como se a gente estivesse em tempos de paz. Nós estamos em guerra e é tudo ou nada.

O outro lado

Procurado sobre as declarações de Eduardo Bolsonaro, o STF disse que não irá comentar.

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