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Polícia

Falso médico que forjou a própria morte se entrega à polícia em Guarulhos

Fernando Henrique Guerrero é acusado de atuar ilegalmente em hospital de Sorocaba; diagnóstico errado resultou na morte de duas pacientes

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Um homem acusado de se passar por médico e forjar a própria morte para escapar da Justiça se entregou à polícia na tarde desta terça-feira (24). A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP). Segundo o órgão, Fernando Henrique Guerrero, de 43 anos, compareceu ao 1° Distrito Policial de Guarulhos, em São Paulo, acompanhado de seu advogado e permanecerá à disposição da Justiça.

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O falso médico estava foragido desde que a Justiça decretou sua prisão por falsidade ideológica, exercício ilegal da medicina e lesão corporal. Ele é investigado por ter atuado por mais de um ano como na Santa Casa de Sorocaba, no interior de São Paulo, utilizando o CRM e o diploma de um antigo professor da faculdade, curso que ele abandonou no terceiro ano. Durante esse período, duas pacientes morreram por conta de diagnósticos errados dados por Fernando.

Um dos casos ocorreu em outubro de 2011, quando uma idosa de 71 anos, com sintomas de infarto, procurou atendimento na Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba. Após examiná-la, Fernando prescreveu remédios para dor lombar. No dia seguinte, a paciente sofreu um ataque cardíaco e morreu. Ele virou réu pela morte da mulher.

Para evitar o julgamento, a defesa de Fernando apresentou uma série de atestados médicos em diferentes datas. Primeiro, alegou que ele estava com dengue; depois, com problemas abdominais. Na terceira tentativa, a defesa apresentou uma certidão de óbito indicando que Fernando teria morrido em 5 de janeiro de 2025, no Hospital Brás Cubas, em Guarulhos, vítima de falência múltipla dos órgãos. O documento informava ainda que ele teria sido enterrado no Cemitério Necrópole do Campo Santo, também em Guarulhos.

No entanto, uma investigação apontou que quem foi enterrado naquele túmulo foi, na verdade, um idoso. A médica que assinou o falso atestado seria próxima de Fernando, segundo as informações policiais.

Registro de óbito

As suspeitas aumentaram quando, neste ano, ele compareceu a um cartório em Guarulhos para atualização de dados e funcionários localizaram um registro de óbito em seu nome. A polícia foi acionada e passou a investigar a suposta fraude. O falso médico ainda teria alterado seu nome para Fernando Henrique Dardis, alegando que desejava incluir o sobrenome do pai.

O Ministério Público de São Paulo apresentou denúncia formal contra Fernando em maio deste ano. Ele responde a diversos processos relacionados à prática ilegal da medicina, uso de documento falso e fraude processual.

A Prefeitura de Guarulhos informou que abriu uma sindicância para apurar as possíveis fraudes nos registros do Cemitério Municipal Necrópole do Campo Santo. Caso o Ministério Público solicite a exumação do corpo enterrado no local, a medida será realizada. Por decisão da família da pessoa sepultada, nenhuma informação adicional será divulgada.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) confirmou que também vai apurar o caso. Segundo o órgão, não há qualquer registro profissional no nome de Fernando Henrique Guerrero ou Fernando Henrique Dardis nos bancos de dados oficiais.

Procurada pela Agência SBT, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba informou, em nota, que os fatos ocorreram em 2012, quando o hospital era administrado por outra instituição. A atual gestão, sob responsabilidade da Arquidiocese de Sorocaba, diz priorizar a transparência e a qualidade nos serviços de saúde.

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A SSP afirma que as investigações continuam sob sigilo.

A defesa de Fernando disse que "entende, respeitosamente, que a prisão preventiva se mostra desnecessária e desproporcional, razão pela qual já está a requerer a substituição por medidas cautelares alternativas".

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