Bolsonaro diz não ter "ambição pelo poder", critica imprensa e pede sabatina "ao vivo, sem edições"
Ex-presidente não comentou indiciamento pela PF no caso da suposta da venda ilegal de joias presenteadas pela Arábia Saudita no governo passado
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de evento conservador em Santa Catarina, neste sábado (6), e evitou comentar indiciamento pela Polícia Federal (PF) no caso das joias dadas de presente pela Arábia Saudita no governo passado e supostamente negociadas de forma ilegal nos Estados Unidos.
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Em rápido discurso na abertura da Conferência Anual de Ação Política Conservadora (CPAC Brasil), afirmou não ter "ambição pelo poder", criticou a "grande imprensa" e declarou estar à disposição para uma sabatina com duas horas de duração, "ao vivo, sem edições".
"Não tenho ambição pelo poder. Tenho obsessão pelo nosso Brasil", falou Bolsonaro, em evento realizado em Balneário Camboriú (SC) e que terá, neste domingo (7), presença do presidente da Argentina, Javier Milei, na primeira visita dele ao Brasil. A vinda, porém, será de forma privada, sem encontros previstos com autoridades do governo brasileiro.
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Ao citar "aquela grande imprensa que me critica", sem dar nomes de veículos, o ex-presidente disse estar "à disposição para duas horas, ao vivo, ser sabatinado sobre qualquer coisa".
"Se acham que vão me desgastar, as mídias sociais nos deram a liberdade. Por isso, querem censurar", continuou Bolsonaro, acompanhado no palco pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e pelo filho "03", deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
"Repito, estou à disposição por duas horas. Será a maior audiência da história dessa televisão, tenho certeza. Para discutir sobre tudo, qualquer assunto. Ao vivo, sem manipulação e sem edições", reiterou.
Dirigindo-se à plateia, Bolsonaro disse que "vale a pena qualquer sacrifício pela nossa pátria". "E a direita, que está unida, ficará ainda mais fortalecida depois desse evento", completou.
O ex-presidente ainda declarou que ele, aliados e apoiadores podem "redimensionar o destino da nação". "Temos aquilo que ninguém tem: país de cristãos, de pessoas ordeiras, trabalhadoras, e nós somos realmente um país que tem tudo para ser destaque no mundo. Falta pouca, mas pouquíssima coisa".
Indiciamento no caso das joias sauditas
Bolsonaro e mais onze pessoas, como o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, e os advogados Frederick Wassef e Fabio Wajngarten, também ex-secretário de Comunicação no governo passado, foram indiciados pela PF no caso das joias sauditas.
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Segundo a investigação, as joias foram dadas de presente pela Arábia Saudita ao governo brasileiro na gestão de Bolsonaro. Algumas delas foram supostamente negociadas de forma ilegal nos Estados Unidos. Depois, ex-assessores tentaram recomprar presentes para fazer a devolução ao patrimônio brasileiro.
O relatório da PF será enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso na Corte.
Moraes vai encaminhar o documento à Procuradoria-Geral da República (PGR), que avalia se arquiva, apresenta denúncia formal ou devolve inquérito à PF para novas diligências e aprofundamento da investigação.
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No caso das supostas fraudes em cartões de vacina contra covid-19, por exemplo, a PF indiciou Bolsonaro e aliados em março, mas a PGR devolveu relatório pedindo novas diligências.
Ainda há outros inquéritos em andamento, como o que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.