Ministério Público da Venezuela convoca Edmundo González a depor sobre atas eleitorais
Órgão quer ouvir adversário de Maduro sobre documentos divulgados em um site, que comprovariam vitória da oposição
O Ministério Público da Venezuela convocou, neste sábado (24), o candidato de oposição nas eleições, Edmundo González, para um interrogatório na segunda-feira (26). Ele foi intimado por causa da publicação de supostas atas eleitorais em um site, que comprovariam sua vitória contra o presidente Nicolás Maduro.
O atual mandatário foi declarado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) – que é alinhado ao governo – como vencedor do pleito de 28 de julho, por 51,2% dos votos, mas a oposição afirma ter provas do contrário desde quando o resultado foi divulgado.
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As atas apresentadas pelos adversários foram reconhecidas por diversos países, a exemplo dos Estados Unidos, e por entidades internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA).
No documento em que o Ministério Público convoca González, o órgão afirma que o chamou “para dar entrevista” sobre “suposto cometimento dos crimes de usurpação de funções, forjamento de documento público, instigação à desobediência de leis, crimes informáticos, associação para cometer crimes e conspirar”.
Nesta sexta (23), o procurador-geral do MP, Tarek William Saab, já havia informado que González está sendo investigado pela criação de um site com as supostas atas, que a oposição alega ter recebido diretamente de fiscais eleitorais. Nos documentos, o candidato declarado como derrotado aparece como vitorioso, por 67% dos votos.
Perícia das atas
A comunidade internacional tem pressionado a Venezuela para que as atas eleitorais sejam publicadas, mas o governo resiste em divulgar o documento.
O Tribunal Superior de Justiça (TSJ), que é ligado ao regime de Maduro, realizou uma perícia das atas nesta semana e anunciou na quinta (21) que a análise atestou a confirmação da reeleição do presidente.
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A Corte ainda proibiu a divulgação das atas e disse que sua decisão é “inapelável”. A oposição, porém, já havia avisado que não reconheceria o resultado do tribunal, uma vez que foi impedida de acompanhar a perícia.
Pressão internacional
Os Estados Unidos, outros 10 países da América Latina, a União Europeia e a OEA divulgaram um comunicado conjunto nesta sexta, em que afirmam que vão seguir a posição dos adversários de Maduro e não vão reconhecer o resultado divulgado pelo CNE e ratificado pelo TSJ. O texto afirma que a eleição que deu a vitória ao atual presidente foi fraudada.
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O Brasil não assinou a nota e ainda tenta negociar com a Colômbia uma solução menos radical na cobrança pelas atas eleitorais. Os dois países chegaram a sugerir a realização de um novo pleito.