Eleições na Venezuela: oposição diz ter provas da vitória de Edmundo González
Grupo divulgou lista com contagem de votos e convocou apoiadores para comemorar resultado
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, afirmou, na noite de segunda-feira (29), que o partido obteve acesso à contagem de votos que mostra a vitória de Edmundo González nas eleições presidenciais. Segundo ela, o candidato da oposição recebeu 6,2 milhões de votos, contra 2,7 milhões do presidente Nicolás Maduro.
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A contestação da oposição acontece em meio aos rumores de que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) tenha fraudado o resultado do pleito. Na contagem da entidade, também questionada por chefes de Estado e líderes políticos mundiais internacionais, Maduro obteve 52,21% dos votos, enquanto González registrou 44,2%.
“Temos em mãos os registros que demonstram o nosso triunfo histórico, categórico e matematicamente irreversível. Agradeço profundamente à comunidade internacional pela sua solidariedade e apoio nestes momentos cruciais. A Venezuela quer a paz e o reconhecimento da vontade do povo. A verdade é o caminho da paz”, disse González.
Em meio ao cenário, o candidato pediu aos apoiadores que se reúnam para comemorar o resultado. O encontro foi marcado para esta terça-feira (30), às 11h (10h no horário de Brasília), em frente às Nações Unidas, em Los Palos Grandes.
Moradores protestam contra vitória de Maduro
Após o anúncio do CNE, que confirmou a vitória de Maduro, milhares de manifestantes foram às ruas em Caracas para protestar. As manifestações começaram a ficar violentas, o que levou o governo a enviar a presença militar e policial, incluindo canhões de água para impedir que os manifestantes se aproximassem do palácio presidencial.
Multidões gritavam "Liberdade, liberdade!" e pediam a queda do governo. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram pneus queimados, bem como cartazes com a foto de Maduro. Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia.
Repercussão internacional
O resultado das eleições também foi questionado por autoridades de ao menos 15 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Argentina, Uruguai, Equador, Peru e Colômbia, além da União Europeia. A Organização dos Estados Americanos (OEA) marcou uma reunião para quarta-feira (31) para debater sobre os resultados venezuelanos.
Em resposta, o governo da Venezuela decidiu retirar diplomatas de países que não reconheceram a vitória de Maduro. A medida atinge Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.
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Por outro lado, Rússia, China, Cuba, Honduras, Bolívia, Irã e Catar parabenizaram Maduro pela reeleição. Já o governo brasileiro disse apenas que está acompanhando “com atenção” o processo de apuração dos votos. No meio tempo, as autoridades pediram para que brasileiros residentes ou com viagem marcada para o país evitem aglomerações.