OEA não reconhece vitória de Maduro na Venezuela : "aberrante manipulação"
Relatório da Organização dos Estados Americanos diz que resultado foi distorcido e pede que Maduro apresente provas ou aceite "sua derrota eleitoral"
A Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou nesta terça-feira (30) que não pode reconhecer o resultado das eleições presidenciais anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, que deu a vitória para o presidente do país, Nicolás Maduro.
Segundo o órgão regional que reúne 35 Estados independentes das Américas, "o regime madurista participou de um processo eleitoral sem garantias, nem mecanismos e procedimentos para fazer valer essas garantias".
No relatório, feito por observadores que acompanharam o pleito de domingo (28), a OEA diz haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
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"Ao longo de todo este processo eleitoral, observou-se a aplicação, por parte do regime venezuelano, de seu esquema repressivo complementado por ações tendentes a distorcer completamente o resultado eleitoral, fazendo com que esse resultado ficasse à disposição da manipulação mais aberrante", afirma o texto
" O manual completo da manipulação dolosa do resultado eleitoral foi aplicado na Venezuela na noite de domingo, em muitos casos de maneira muito rudimentar", continua.
Segundo a organização, o fato de a oposição já ter apresentado atas que demonstram que teria ganho ao menos 70% dos votos, enquanto Maduro e CNE ainda não conseguiram apresentar as atas que mostram que Maduro obteve 52,21% do votos, torna "imperioso" que o presidente venezuelano "aceite sua derrota eleitoral" e abra caminho "para o retorno da democracia na Venezuela".
"Caso contrário, seria necessária a realização de novas eleições, mas, neste caso, com as Missões de Observação Eleitoral da União Europeia e da OEA presentes e um novo CNE para que se reduza a margem de irregularidade institucional que plagou este processo", continua.
Protestos contra Maduro
A ideia de um novo mandato de cinco anos de Maduro a partir de 2025 despertou uma série de protestos. Nessa segunda (29), forças de segurança venezuelanas dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes que desafiavam releição do presidente. Mobilizações ocorreram em diversas partes do país.
Já aliados de Maduro convocaram "uma grande marcha rumo a Miraflores", o palácio presidencial, "para defender a paz". O governo também expulsou, em resposta diplomática, representações de Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai (Organização dos Estados Americanos, OEA).
Estados Unidos, Brasil e Colômbia, países que mais receberam migrantes venezuelanos na última década, aguardam explicações e detalhes do processo de auditoria para reconhecer a vitória de Maduro.a reiterar pronunciamentos e conceitos manifestados há muito tempo.