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Sobrevivente de intoxicação por metanol relata sequelas após 45 dias internado: “Achei que ia morrer”

Wesley Neves Pereira ficou 45 dias internado após beber combo de uísque em festa de rua em São Paulo; ele perdeu quase toda a visão

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O que era para ser uma noite de diversão quase terminou em tragédia para Wesley Neves Pereira, de 31 anos. Ele é um dos casos de intoxicação por metanol em São Paulo, que já deixou cinco mortos e 23 casos confirmados em todo o estado, segundo a Secretaria de Saúde. Wesley sobreviveu, mas perdeu quase toda a visão e hoje luta para se adaptar à nova rotina.

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O jovem, que trabalhava como motoboy, foi intoxicado após beber um combo de uísque que estaria adulterado durante uma festa de rua na capital paulista. “Comprei um combo de uísque, vinha a garrafa lacrada. Bebi mais de dois copos”, contou.

No dia seguinte, ele acordou vomitando, com fortes dores e queimação: "Falei pra minha mãe: 'Estou passando muito mal, isso não é normal não. Me leva para o hospital, eu vou morrer’”, relembra Wesley.

Ele foi internado em estado crítico e chegou a ficar em coma, com falência de um dos rins e infecção pulmonar. Os médicos deram apenas 1% de chance de sobrevivência, segundo a família. “Ele sofreu um AVC e foi piorando. Graças a Deus ele voltou a falar, ele tá andando com pouco de dificuldade. Não perdeu a memória, mas a visão sim”, contou a irmã, Sheily Neves Pereira.

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Após 45 dias internado, Wesley teve alta na quarta-feira (8), mas ainda enfrenta as sequelas da intoxicação. A perda quase total da visão o impede de trabalhar e cuidar do pai, que tem as pernas amputadas, e da avó idosa.

"Eu trabalhava como motoboy, (...) eu que ajudava. Agora nessa condição eu não posso mais ajudar. As pessoas que fizeram isso... não são ser humano", disse Wesley.

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Reprodução/SBT
Reprodução/SBT

Casos em São Paulo

O caso de Wesley faz parte de uma crise de intoxicações por metanol em São Paulo e outros estados. O produto químico, usado indevidamente na adulteração de bebidas alcoólicas, é altamente tóxico para humanos e, mesmo pequenas quantidades, pode causar cegueira, falência de órgãos e morte.

Desde o fim de setembro, uma força-tarefa formada pela Polícia Civil, Vigilância Sanitária e Procon-SP atua para combater a venda de bebidas adulteradas. As operações já interditaram 12 estabelecimentos, apreenderam quase 19 mil garrafas suspeitas e prenderam 45 pessoas envolvidas em falsificações.

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Uma das mortes mais recentes foi a de Daniel Antônio Francisco Ferreira, motorista de aplicativo de Osasco (SP), que ingeriu bebida com metanol em um churrasco. O laudo dele confirmou intoxicação exógena.

Segundo a polícia, as bebidas foram compradas em uma adega que fica no bairro em que ele morava. A morte de Daniel foi a quinta confirmada em São Paulo.

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