Publicidade
Polícia

Polícia de SP fecha fábrica clandestina de bebidas ligada a mortes por metanol

Segundo o secretário de Segurança Pública, local comprava etanol adulterado com metanol em postos de combustíveis; uma mulher foi presa

Imagem da noticia Polícia de SP fecha fábrica clandestina de bebidas ligada a mortes por metanol
Fábrica clandestina de bebidas | Reprodução/SSP-SP
• Atualizado em
Publicidade

A Polícia Civil de São Paulo fechou, nesta sexta-feira (10), uma fábrica clandestina em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que estaria envolvida em pelo menos duas das mortes por intoxicação de metanol no estado. Segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, o local comprou etanol contaminado com metanol em postos de combustíveis para produzir as bebidas adulteradas. Uma mulher foi presa em flagrante.

+ Saiba quem são os cinco mortos por metanol no estado de São Paulo

Os agentes chegaram até a fábrica pirata após investigarem a morte da primeira vítima por intoxicação de metanol no Brasil, Ricardo Lopes Mira. Ele passou mal em 12 de setembro, após beber em um bar na Mooca, zona leste de São Paulo, e morreu quatro dias depois.

Em depoimento, o dono do bar confessou que havia comprado garrafas de uma distribuidora não autorizada. O estabelecimento, o mesmo onde Marcos Antônio Jorge Júnior – terceira vítima fatal – também foi intoxicado, foi vistoriado e as equipes apreenderam nove garrafas. A morte de Marcos Antônio foi confirmada no dia 2 de outubro. Antes de morrer, ele chegou a perder a visão.

Peritos detectaram a presença de metanol em oito garrafas do bar, com percentuais que variavam de 14,6% a 45,1%, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Em entrevista para a imprensa, no início da tarde desta sexta, o secretário de Segurança Pública afirmou que a operação "confirmou a principal tese da investigação no caso da origem da intoxicação".

Agora, segundo Derrite, o próximo passo da investigação será descobrir quais foram os postos de combustíveis em que esse etanol contaminado foi adquirido.

"Nossa suspeita é que esses casos que geraram lesões gravíssimas e mortes, que eles tenham adquirido metanol do mesmo posto de combustível. Se isso for confirmado, nos leva a ter um caminho", afirmou o secretário.

Além da fábrica pirata, agentes da Delegacia de Investigações sobre Crimes Contra o Meio Ambiente (DIICMA) e do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) cumpriram oito mandados de busca e apreensão em uma distribuidora de bebidas, também no ABC Paulista.

Na fábrica de São Bernardo do Campo, uma mulher, identificada como Vanessa, foi presa em flagrante por adulteração de bebidas. Ao todo, oito suspeitos foram encaminhados à delegacia para prestar esclarecimentos.

Garrafas, bebidas, aparelhos celulares e outros itens foram apreendidos na ação e encaminhados à perícia.

+ Sobrevivente de intoxicação por metanol relata sequelas após 45 dias internado: “Achei que ia morrer”

Casos em São Paulo

A ação desta sexta-feira acontece em meio às investigações sobre os casos de intoxicação por metanol em São Paulo e outros estados. O produto químico, usado indevidamente na adulteração de bebidas alcoólicas, é altamente tóxico para humanos e, mesmo em pequenas quantidades, pode causar cegueira, falência de órgãos e morte.

Ao todo, o estado contabiliza 23 casos confirmados, com 5 óbitos, e 148 em investigação. Uma força-tarefa formada pela Polícia Civil, Vigilância Sanitária e Procon-SP já interditou 13 estabelecimentos, apreendeu quase 19 mil garrafas suspeitas e 378 mil rótulos para bebidas. 45 pessoas envolvidas em falsificações foram detidas, sendo 24 delas desde o dia 29 de setembro.

Intoxicação por metanol

A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar ao óbito. Os principais sintomas são: visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).

Em caso de identificação dos sintomas, o Ministério da Saúde recomenda buscar imediatamente os serviços de emergência médica e contatar pelo menos uma das seguintes instituições:

  • Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001;
  • CIATox da sua cidade para orientação especializada (Contatos disponíveis em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/ciatox );
  • Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 – de qualquer lugar do país.
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade