Planejamento da megaoperação no Rio previu 'muro do Bope' para encurralar suspeitos em mata
Polícia afirma que estratégia foi planejada por um ano para reduzir danos à população; ação já soma 121 mortos e é a mais letal da história

SBT News
A megaoperação realizada nesta terça-feira (28), que resultou em ao menos 121 mortes nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, adotou uma tática batizada de “Muro do Bope”.
Segundo o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, a estratégia consistiu em posicionar agentes do Batalhão de Operações Especiais na Serra da Misericórdia para cercar e empurrar os criminosos em direção à mata, onde outras equipes aguardavam.
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Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (29), Menezes afirmou que a operação foi planejada há cerca de um ano para conter confrontos e reduzir riscos à população local.
"O foco da nossa atividade e da nossa ação tática, em primeiro lugar, era tentar causar o menor efeito colateral, o menor dano, o menor transtorno para os moradores daquela comunidade. E aí optou-se por fazer uma manobra tática no sentido de tirar esses marginais das edificações e levá-los para a área de mata”, declarou o secretário.
Megaoperação
A ação, batizada de Operação Contenção, é considerada a mais letal da história fluminense. Deflagrada na terça-feira (28), teve como objetivo desarticular lideranças do Comando Vermelho que atuam na região.
Cerca de 2,5 mil policiais civis e militares cumpriram mandados de prisão e busca. Ao todo, 113 suspeitos foram presos e 118 armas apreendidas.
As equipes enfrentaram forte resistência armada. Moradores relataram intensos tiroteios, barricadas incendiadas em vias expressas e o uso de drones por criminosos para tentar impedir o avanço policial.
A operação superou, em número de mortos, as ações mais violentas anteriores: o massacre do Jacarezinho, em maio de 2021, com 28 mortos; e a operação na Vila Cruzeiro, em maio de 2022, que deixou 24 mortos — ambas no governo de Cláudio Castro (PL).
Na madrugada desta quarta-feira (29), moradores dos complexos do Alemão e da Penha localizaram mais de 60 corpos na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia. Os mortos, que não constam no balanço oficial do governo, foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no início da manhã.
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