PF vê elo de atentado a bomba no STF com golpistas do 8/1 em mensagem deixada por suicida
Recado no espelho vincula homem-bomba a pichação em estátua do Supremo, em atos de 2023 que levou mulher à prisão
As buscas da Polícia Federal nesta quinta-feira (14) na residência alugada, no Distrtito Federal, pelo autor do atentado a bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília, revelaram um possível elo do crime com golpistas do 8 de Janeiro, investigados desde 2023, no Supremo Tribunal Federal (STF), e pode fornecer provas para esclarecer os motivos e se há mais envolvidos.
"Nós aprendemos material explosivo na residência dele e aprendemos um telefone celular, que talvez seja um caminho importante para a gente avançar nessa investigação", afirmou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, nesta quinta-feira (14).
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A casa em Ceilândia (DF) serviu de abrigo e paiol de guarda e montagem das bombas usadas por Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, no atentado da noite desta quarta-feira (13) em frente ao STF e no estacionamento ao lado - que pertence ao Congresso.
A PF busca nas investigações possíveis parceiros e financiadores do autor das explosões, que colocaram Brasília em alerta nesta quarta-feira (13). Francisco Luiz alugou a casa há pelo menos quatro meses.
"Havia uma mensagem escrita no espelho da residência fazendo menção a um ato de pichação que foi feito no 8 de Janeiro", afirmou Rodrigues.
"É importante dizer que não é só um ato de pichação, é um ato gravíssimo que atenta contra o estado Democrático de Direito. Essa pessoa está presa até o presente momento. E mostra essa vinculação desses grupos radicais que culminam com essa barbárie, que aconteceu ontem na tentativa de matar ministros da Suprema Corte e também que culminou com esse lamentável episódio no suicídio dessa pessoa", Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF.
Para a PF, "o episódio de ontem não é um fato isolado, mas tem conexão com outros fatos" sob investigação, envolvendo golpistas e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As investigações são conduzidas pelo delegado Flávio Coca.
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O inquérito da PF aberto nesta quarta e encaminhado ao STF e está sob o sigilo. São duas vertentes de apuração sobre a motivação. "Não sabemos ainda a motivação do crime. Estamos trabalhando com as hipóteses de uma ação terrorista e de abolição violenta do estado democrático de direito. Esse caso se conecta com outras investigações da PF
"Não estamos falando de pessoas que quebraram um quadro ou uma cadeira. Estamos falando de ações gravíssimas terroristas, de tentativa de homicídio, armadilhas para matar policiais que estavam fazendo investigações."
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Bombas
Policiais federais foram na manhã desta quinta-feira ao local, que ficou isolado durante a madrugada. Por precaução eles usaram um robô, comandado por controle remoto, para reconhecimento prévio do local. "O uso do robô salvou a vida de alguns policiais", afirmou o diretor-geral da PF. É que em uma gaveta havia uma bomba que explodiu ao ser aberta.
"Nossa equipe fez buscas na residência na Ceilândia e felizmente utilizamos nosso robô. Ele entrou na residência e ato contínuo, ao abrir uma gaveta para fazer busca, houve uma explosão. Uma explosão gravíssima. O uso do robô salvou a vida de alguns policiais, que se tivessem ingressado na residência, certamente não sobreviveriam com aquela intensidade da explosão", diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Para a PF, o poder de destruição das bombas feitas pelo suicida reforçam "a gravidade da situação". No imóvel também havia outros materiais usados para fazer as bombas, como tubos de PVC. Segundo a PF, as duas explosões foram de material que o autor preparou. Uma delas, "um simulacro de granada", que foi jogado em frente ao STF e também o que matou o autor.
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O autor do atentado suicida tinha ainda "um extintor carregado de combustível", que "simula um lança-chamas". No carro que pegou fogo havia fogos de artifíficio "montados estruturados, apoiados em tijolos para que eles fossem canalizados com uma única direção".