Moraes diz que explosões em Brasília "não são fato isolado do contexto"
Segundo o ministro do STF, não existe possibilidade de pacificação do país "com anistia a criminosos"
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira (14) que as explosões ocorridas na Praça dos Três Poderes na noite de quarta (13) são resultado do ódio político que se instalou no Brasil nos últimos anos e não são "fato isolado do contexto". O magistrado se manifestou sobre o episódio durante participação no VII Encontro Nacional do Ministério Público do Tribunal do Júri, na capital federal, nesta manhã.
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"Não podemos ignorar o que ocorreu ontem. E o Ministério Público é uma instituição muito importante, vem fazendo um trabalho muito importante no combate a esse extremismo que lamentavelmente nasceu e cresceu no Brasil em tempos atuais. Nós precisamos continuar combatendo isso", declarou Moraes.
Ainda conforme o ministro, "queira Deus que seja um ato isolado" o ocorrido ontem. Entretanto, pontuou, "o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro".
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Nas palavras do ministro, "isso foi se avolumando sob o manto de uma criminosa utilização da liberdade de expressão. Ofender, ameaçar, coagir, em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime".
O homem morto na explosão próxima ao Supremo Tribunal Federal ontem foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, que disputou o cargo de vereador em 2020 pelo Partido Liberal (PL), em Santa Catarina, e recebeu 98 votos.
De acordo com a investigação, Francisco era o proprietário do veículo que explodiu nas proximidades do tribunal, deixando a capital federal em alerta máximo.
Moraes afirmou que a Polícia Federal e o STF devem assumir as investigações do caso. O ministro pode ser designado o relator no Supremo, por já estar relatando os inquéritos dos atos antidemocráticos no país.
Ele ressaltou que "não existe possibilidade de pacificação [do país] com anistia a criminosos". De acordo com o ministro, "o criminoso anistiado é o criminoso impune, e a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem".