Barroso condena atentado, pede pacificação política e defende punição a golpistas do 8/1
Presidente do STF disse que ação próxima à Corte acende alerta preocupante, e está ligada eventos anteriores, como a invasão aos Poderes
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, condenou o atentado nas proximidades da Corte, em que um homem morreu após a explosão de uma bomba, e pediu por uma pacificação política no país sem deixar de lado a punição dos que agirem contra a democracia.
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“A gravidade do atentado de ontem nos alerta para a preocupante realidade que persiste no Brasil: a ideia de aplacar e deslegitimar a democracia e suas instituições numa perspectiva autoritária e não pluralista de exercício do poder, inspirada pela intolerância, pela violência e pela desinformação”, declarou Barroso.
O ministro também destacou que o processo de punição aos que atentem contra a democracia é necessário, e colocou o evento em frente ao STF como um desdobramento de ações ao longo dos últimos três anos – desde as ameaças feitas pelo ex-deputado Daniel Silveira contra ministros do Supremo, em 2021, até os atos golpistas de 8 de janeiro.
“No dia 8 de janeiro de 2023, milhares de pessoas mancomunadas, via redes sociais e com a grave cumplicidade de autoridades, invadiram e depredaram a sede dos Poderes da República. Relativamente a este último episódio, algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes. Querem perdoar, sem antes sequer condenar”.
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A posição do magistrado veio no início da sessão desta quinta-feira (14), pouco mais de 19 horas após a ação criminosa cometida próxima ao Supremo. Na noite de quarta-feira, um homem chegou munido de explosivos e chegou a atirar alguns deles contra a estátua da Justiça que fica em frente ao STF. Ele morreu por um próprio explosivo, ao executar a ação.
Gilmar Mendes cita conexão entre ataques
O ministro há mais tempo na Corte, Gilmar Mendes, também condenou os ataques e afirmou que a ação de quinta-feira não seria um fato isolado. O ministro ainda afirmou que ações que colaboram para atos extremos foram estimuladas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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“A reconstrução histórica dos últimos acontecimentos nacionais demonstra que o ocorrido na noite de ontem não é um fato isolado. Muito embora o extremismo e a intolerância tenham atingido o paroxismo em 8 de janeiro de 2023, a ideologia rasteira que inspirou a tentativa de golpe de Estado não surgiu subitamente. Pelo contrário, o ódio, o fanatismo político e a indústria de desinformação foram largamente estimulados pelo governo anterior”, destacou.