Diabetes: por que dobrou a taxa de pessoas diagnosticadas desde 1990? Veja como prevenir
No Dia Mundial do Diabetes, quase um bilhão de pacientes convivem com a condição no mundo; entenda como monitorar os níveis de glicose
Dobrou a taxa de pessoas que convivem com o diagnóstico de diabetes tipo 1 ou tipo 2 mundo entre 1990 e 2022: antes eram 7% (198 milhões), agora são 14% (828 milhões), segundo pesquisa publicada na revista científica The Lancet, na quarta-feira (13).
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"Vimos um aumento alarmante do diabetes nas últimas três décadas, o que reflete o aumento da obesidade, agravado pelos impactos da comercialização de alimentos não saudáveis, falta de atividade física e dificuldades econômicas", disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom.
O diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina – hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo.
Hoje, 14 de novembro, é Dia Mundial da Diabetes e o SBT News conversou com um endocrinologista para entender os principais fatores por trás do aumento de casos da doença, como prevenir, monitorar os índices de glicose e tratar a doença.
Por que o número de diagnósticos aumentou?
"A principais das razões é a explosão dessa pandemia de obesidade e sobrepeso, além do sedentarismo, que não é perceptível quanto os outros tópicos, mas a falta de atividade física também contribui para o aumento de diabetes tipo-2", aponta o endocrinologista, coordenador do Departamento de Atividade Física da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Roberto Zagury.
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Segundo o especialista, esses são os principais fatores de riscos para diabetes, além de histórico familiar e nas mulheres, que tiveram diabetes gestacional, possuem risco de desenvolver a condição definitivamente após a gravidez.
Outros fatores que contribuem para o aumento do número de casos é o envelhecimento da população, com o crescimento da expectativa de vida, além do aumento no número de diagnósticos feitos por mais acesso a exames laboratoriais.
O que fazer?
Zagury aponta que, para quem já tem o diagnóstico de diabetes, é preciso monitorar os níveis de glicose. Há três formas recomendadas:
- Medir a hemoglobina glicada, por exame de sangue, de três a seis meses. O exame está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). "É como se fosse um filme da glicose, que olha para os três meses anteriores. O ideal é que o índice fique abaixo de 6.5%", ressalta;
- Medição de glicose "na ponta do dedo": testes que devem ser feitos, no mundo ideal, antes de refeições como almoço, café da manhã e jantar ou até duas horas após. Mas nem todos precisam medir em todas as refeições e, sim, pelo menos uma vez por dia ou semana. Uma opção para quem não tem o aparelho em casa é ir até uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou farmácia;
- Dispositivo Libre: sensor inserido na região do tríceps que monitora os níveis de glicose, que envia os resultados para um aplicativo pelo celular em formato de gráfico.
Para quem ainda não tem o diagnóstico, a recomendação é prevenir os fatores de risco e fazer o monitoramento por exames de sangue anualmente.
E o papel das canetas contra diabetes como o Ozempic?
Além de serem usados no tratamento de diabetes tipo-2, medicamentos como Ozempic, Wegovy, Trulicity, Mounjaro e Saxenda têm sido adotados para controle de obesidade. Para especialistas, as drogas são uma revolução no tratamento dessa condição que afeta um a cada quatro adultos brasileiros e está relacionada a um aumento de risco de doenças cardiovasculares e câncer, por exemplo.
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"As chamadas canetinhas emagrecedoras são medicamentos da família de análogos de GLP-1 fazem o controle glicêmico de forma magistral. Tanto para obesidade e diabetes", disse o endocrinologista.
Ele aponta que as canetas também reduzem os riscos de infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC), por exemplo.
Remédios disponíveis no SUS
No entanto, no SUS os medicamentos não disponibilizados, mas outros com eficácia também são fornecidos. O especialista destaca a Metformina que, apesar de antigo, é muito bom e seguro. Mas faz ressalvas a Sulfoniluréias.
"Claro que ainda tem espaço [nas indicações médicas] mas medicamentos como as Sulfoniluréias têm o risco de diminuir a glicose até demais e causar a hipoglicemia", explica Roberto.
Além disso, há três tipos de insulina disponíveis no sistema público de saúde brasileiro: de ação lenta, rápida e ultra-rápida.
"De novo, a gente ainda usa as [insulinas] de ação lenta, mas precisamos continuar fazendo pressão, no bom sentido da palavra, para incorporar cada vez mais tecnologia no SUS", ressalta.