Você costuma comer doce e pizza quando está com ansiedade? Saiba como mudar esse hábito
Estudo mostra que as "comfort foods" podem agravar a sensação ruim; especialista dá dicas para escolher opções mais saudáveis – e se sentir melhor
Um estudo realizado pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, aponta que uma dieta rica em gordura, as 'comfort foods', como pizzas, massas, sorvetes, por exemplo, em vez de aliviar o estresse diário, pode deixar as pessoas ainda mais ansiosas, além de causar outros danos para a saúde física de quem as consome. Mas como é possível substituir ou reduzir o consumo dessas 'comidas confortáveis' por alimentos mais saudáveis?
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O primeiro passo, segundo especialistas, é não adotar nenhuma medida radical. A introdução de uma alimentação balanceada deve ser gradual e incluir, em quantidades menores, as "junkie foods". Essa estratégia ajuda as pessoas a aceitar a mudança e manter o novo hábito alimentar. Além disso, se permitir comer alimentos não saudáveis em dias específicos, enquanto se prioriza uma dieta equilibrada na maioria deles, pode ser uma boa estratégia nutricional. É o que explica a nutricionista Bianca Gonçalves.
"Planejar refeições com antecedência pode reduzir a tentação de recorrer a alimentos menos saudáveis", ressalta Bianca.
Segundo ela, alguns alimentos são especialmente úteis para evitar cair na tentação, porque contêm triptofano, que ajuda na produção de serotonina, com efeitos positivos sobre a regulação do humor. Entre eles estão: sementes de abóbora e de girassol, bananas e ovos.
O estudo mostrou que os alimentos hiperpalatáveis, ou as "comfort foods", foram associados à expressão de três genes: TPH2, HTR1a e SLC6A4, ligados à produção e sinalização da serotonina. É o mesmo neurotransmissor, mas, nesse caso, os pesquisadores descobriram que, em vez de provocar prazer, como se pensa comumente, ele pode gerar ansiedade.
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Por que você está comendo o que come?
O psiquiatra especializado em compulsão alimentar Arthur Kaufmann ressalta que, mais importante do que evitar as "comfort foods", é entender e reconhecer o por que você está comendo o que você está comendo.
"O maior sinal de atenção é quando essa compulsão alimentar se torna uma droga, ou seja, quando você usa a comida para se confortar ou aliviar algum problema. Vamos supor que a pessoa está passando por um momento difícil, tomou um fora ou está perdendo o dinheiro, e vai descontar na comida, por exemplo. Isso é um sinal de atenção", explica o especialista.
Kaufmann ressalta que a "tentação" de comer "besteiras" costuma ser mais forte no início do anoitecer, quando o nível de serotonina, em geral, está mais baixo. Esse período também é associado ao fim de expediente para muitas pessoas, o que pode ser uma forma de construir um hábito de alimentação gordurosa para "descontar" as frustrações do dia.
"O fato de ser todo dia ou toda semana não quer dizer nada, o que mais importa é a quantidade e depende do estado de espírito da pessoa. Por isso quando você diz é para cortar tudo, é difícil. Tudo é uma questão de equilíbrio", completa.
Em alguns casos, segundo ele, quando o hábito está trazendo prejuízos para a vida da pessoa (psicológica, física e social), é necessário avaliar se a pessoa desenvolveu Transtorno de compulsão alimentar. A condição é diferente do "comer emocional" e precisa de tratamento, que pode envolver remédios.
O transtorno é caracterizado pela ingestão descontrolada de grande quantidade de alimentos, ainda que o indivíduo esteja sem apetite e quase sem mastigar, na tentativa de liberta-se "de um estado insuportável de ansiedade", segundo a definição da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde.
O que mais pode ajudar?
Segundo Bianca, incluir na alimentação proteínas magras como peixe, frango sem pele, legumes e tofu pode ajudar a evitar a tentação de comer besteiras por questões emocionais, já que proporcionam sensação de saciedade por mais tempo.
Mirtilos, framboesas e chocolate amargo também podem colaborar com a produção de endorfina.
Além disso, praticar exercícios físicos é essencial, pois ajuda o corpo a produzir quase todos esses neurotransmissores associados ao bem-estar mental – endorfina, dopamina, serotonina. Com isso, ajuda a controlar o apetite e reduzir o risco de comer em excesso.