Ozempic de graça? Paes promete remédio na rede pública do Rio; entenda riscos
“Não vai ter mais gordinho no Rio”, disse atual prefeito, que se confundiu em relação ao prazo de vencimento da patente do medicamento
O atual prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PSD), disse que pretende disponibilizar o medicamento Ozempic na rede pública de saúde do município, caso seja reeleito. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Extra, nesta quarta-feira (2).
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“Tomei muito Ozempic, aquele remedinho que está baixando o peso de todo mundo. Ele vai ter a patente aberta no ano que vem, vai poder ter o genérico e vou colocar na rede pública toda. Perdi 30 quilos com Ozempic. O Rio vai ser uma cidade que não vai ter mais gordinho, todo mundo vai tomar Ozempic nas clínicas da família”, declarou Eduardo Paes.
O prefeito disse que após tomar o medicamento "todas suas taxas baixaram" e ressaltou que sua proposta visa a saúde, e não a estética da população.
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro disse que a implementação do medicamento com o mesmo principio ativo do Ozempic ocorrerá a partir do próximo possível mandato de Paes, mas não deu detalhes de quando seria exatamente.
No entanto, ao contrário do que disse Paes, a previsão de vencimento da patente do medicamento, produzido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, ocorre em 2026 — outras farmacêuticas poderão comercializar medicamentos genéricos e similares a partir de então..
Existem riscos para a adoção em massa do medicamento?
A semaglutida, princípio ativo do Ozempic, age no cérebro, aumentando a sensação de saciedade e diminuindo a fome, o que colabora com o emagrecimento. Além disso, a droga age sob o pâncreas, melhorando o controle do diabetes e tem sido usada para o controle de obesidade. Para especialistas ouvidos pelo SBT News, o Ozempic, inclusive, representa uma "revolução" no tratamento da doença, que afeta um a cada quatro adultos brasileiros.
No entanto, vem sendo usada também por pessoas que não possuem indicação, o que vem gerando a falta do medicamento nas farmácias.
De acordo com o endocrinologista Paulo Rosenbaun, do Hospital Albert Einstein, o uso prolongado do Ozempic, pode trazer efeitos colaterais significativos, daí a necessidade de acompanhamento especializado. "Os indivíduos mais idosos, por exemplo, podem apresentar osteoporose associada à perda de peso", diz. Na maior parte dos casos, os efeitos colaterais estão ligados ao trato intestinal.
Rosenbaun afirma, porém, que o uso não deve ser descontinuado em caso de efeitos colaterais. Cabe ao especialista apresentar soluções e alternativas no decorrer do tratamento.
Segundo Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), esses medicamentos foram feitos para terem uma utilização prolongada – mas isso reforça a necessidade de indicação e acompanhamento médicos adequados.
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) ressalta que "o uso indiscriminado [do Ozempic] pode aumentar o estigma sobre o tratamento em quem tem indicação médica real, além de expor pessoas sem necessidade aos riscos do medicamento".