Wegovy, Ozempic, Mounjaro, Saxenda e Trulicity: quais as diferenças das "canetas" contra obesidade?
Nem todos possuem indicação oficial para tratar condição; Até 2044, estimativa é que 75% dos adultos brasileiros serão obesos ou terão sobrepeso
Além de serem usados no tratamento de diabetes tipo-2, medicamentos como Ozempic, Mounjaro, Saxenda, e, mais recentemente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Wegovy, têm sido adotados para o controle da obesidade, apesar de nem todos receberam indicação oficial. Para especialistas ouvidos pelo SBT News, as "canetas" são uma revolução no tratamento dessa condição e possuem diferenças e semelhanças. Quais são?
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Primeiro, é importante destacar que a demanda por esses medicamentos vem crescendo e tende a ser ainda maior nos próximos anos no país. Uma estimativa, apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade 2024, que acontece em São Paulo até o próximo dia 29 de junho, aponta que 75% dos adultos brasileiros terão obesidade ou sobrepeso até 2044.
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De acordo com o endocrinologista do Hospital Albert Einstein Paulo Rosenbaun, casos de sobrepeso, em que os pacientes tenham comorbidades, também podem receber indicação médica.
No entanto, os novos medicamentos têm desencadeado uma explosão na busca por esses remédios – muitas vezes sem orientação médica adequada.
"Em caso de indicação errada, meramente estética e para emagrecer, os medicamentos podem ser arriscados, levar a perda muscular e outros efeitos colaterais prejudiciais à saúde. O grande problema deles é o uso indiscriminado sem acompanhamento médico", alerta o especialista.
No caso do Ozempic, seu uso indiscriminado vem causando a falta do medicamento. O Wegovy, que possui o mesmo princípio ativo — a Semaglutida — ficará disponível no mercado brasileiro a partir de agosto de 2024. No entanto, o Mounjaro, que foi aprovado pela Agência em setembro de 2023, ainda não está sendo comercializado no país.
O paciente que quiser fazer seu uso, precisa importar o medicamento, e a Anvisa permite uma quantidade que seja suficiente para um tratamento de seis meses. Em razão do seu alto custo por ser importado (de R$ 40 mil a R$ 55 mil, no período permitido pela Agência), o medicamento é conhecido como "Ozempic dos ricos" e seu princípio ativo é a Tirzepatida.
Há também o Trulicity que é usado para diabetes. Já o Saxenda, medicamento mais antigo do grupo, tem ação semelhante à semaglutida, mas o que muda é o seu uso. Junto com o Wegovy, são os únicos aprovados oficialmente contra obesidade no país, segundo Rosenbaun.
"O Ozempic não é indicado oficialmente, mas com o acompanhamento médico feito corretamente não apresenta riscos.", ressalta.
Veja as diferenças e o que se sabe sobre cada um deles
Mounjaro
Pelo seu principio ativo, a tirzepatida, o medicamento incrementa a liberação de insulina e inibe a fome ao passo que provoca o esvaziamento gástrico, o que favorece a perda de peso, segundo a Anvisa.
Tanto para obesidade, mesmo não sendo indicada, e diabetes é o mais potente do que todos os seus concorrentes, de acordo com o Paulo Rosenbaun.
Ozempic e Wegovy
A semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy, age no cérebro, aumentando a sensação de saciedade e diminuindo a fome, o que colabora com o emagrecimento. Além disso, a droga age sob o pâncreas, melhorando o controle do diabetes.
Ainda de acordo com o especialista, a diferença entre os dois está na dose e, consequentemente, no efeito sobre o peso: o Wegovy tem o dobro da eficácia do Ozempic.
Trulicity
Dulaglutida é indicada para o tratamento de diabetes, aumentando também insulina pelas células beta pancreáticas, e também promove o retardando o esvaziamento gástrico. Pode ser usada para perda de peso, mas é menos potente do que o Saxenda e Ozempic, ressalta o especialista.
Saxenda
O remédio mais antigo do grupo, tem como princípio ativo a Liraglutida, com ação semelhante à semaglutida, no entanto, precisa ser usado diariamente.
"Com a chegada do Wegovy, que é um Ozempic com uma dose mais potente, de uso semanal, vai ser substituído, já que é mais cômodo", explica Rosenbaun.
Todos agem positivamente no colesterol, pressão arterial e gordura do fígado, mas o Mounjaro e Wegovy são os mais potentes, segundo Rosenbaun.
Principais efeitos colaterais e riscos
Assim como outras drogas, eles podem trazer riscos para a saúde quando usados incorretamente. É o que alertam os dois especialistas ouvidos pelo SBT News.
De acordo com Rosenbaun, o uso prolongado pode trazer efeitos colaterais significativos, daí a necessidade de acompanhamento especializado. "Os indivíduos mais idosos, por exemplo, podem apresentar osteoporose associada à perda de peso", diz. Na maior parte dos casos, os efeitos colaterais estão ligados ao trato intestinal.
O médico afirma, porém, que o uso não deve ser descontinuado em caso de efeitos colaterais. Cabe ao especialista apresentar soluções e alternativas no decorrer do tratamento.
Segundo Fabio Moura, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), esses medicamentos foram feitos para terem uma utilização prolongada – mas isso reforça a necessidade de indicação e acompanhamento médicos adequados.
Os mais frequentes
- Obstipação (dificuldade crônica de evacuar);
- Diarreia;
- Náusea.
É contraindicado o uso por pessoas que têm:
- Pancreatite;
- Cálculo de vesícula biliar;
- Anemia;
- Problemas de tireoide;
- Ou aqueles querem perder apenas alguns quilos – mas não têm obesidade ou sobrepeso com riscos à saúde.
Antes de usar
- É preciso realizar exames de sangue;
- Exames de abdômen;
- Ter indicação e acompanhamento médico.