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Saúde

Dia Mundial sem Tabaco: Brasil tem aumento de fumantes pela 1ª vez em 17 anos; veja como parar

Consumo de cigarro eletrônico também preocupa especialistas; saiba as vantagens de abandonar o tabagismo

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O Brasil chega ao Dia Mundial sem Tabaco registrando um aumento na proporção de adultos fumantes pela primeira vez em 17 anos. Segundo dados preliminares divulgados esta semana pelo Ministério da Saúde, a prevalência do tabagismo passou de 9,3% em 2023 para 11,6% em 2024.

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A elevação interrompe uma trajetória de queda iniciada em 2007, ano que marca o início da série histórica do levantamento. A pesquisa foi realizada em todas capitais brasileiras e no Distrito Federal.

"Pela primeira vez desde 2007 temos um ponto que está ascendente na curva, isso nunca foi visto. É um dado muito preocupante e não estou falando do cigarro eletrônico, mas do cigarro. A prevalência de fumantes entre adultos aumentou pela primeira vez na série histórica", afirmou a diretora do Daent (Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis) do Ministério da Saúde, Letícia de Oliveira Cardoso.

Apesar de esse aumento não contemplar os usuários de cigarro eletrônico, que aumentou de 2,1% para 2,6% de 2023 para 2024, a pneumologista Nayara Oliveira também enxerga a popularização desses produtos com preocupação.

"Apesar de serem proibidos no Brasil, os produtos são facilmente acessados pela internet ou no mercado informal, favorecendo o início precoce do consumo de nicotina", aponta.

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Além disso, segundo ela, esses produtos contam com apelos estéticos, tecnológicos e sabores atraentes, que seduzem especialmente adolescentes e jovens adultos, que frequentemente os percebem como menos nocivos.

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O cigarro eletrônico é responsável por uma doença específica, associada ao seu consumo, a Evali (na tradução livre "lesão pulmonar associada à vaporização").

Fumar faz mal mesmo para quem não fuma

Nayara aponta que o cigarro traz malefícios tanto para os fumantes ativos quanto para os passivos, que convivem com pessoas que fumam:

Para fumantes ativos, os riscos incluem:

  • Câncer de pulmão, boca, esôfago, laringe, bexiga;
  • Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
  • Infarto do miocárdio, AVC e hipertensão;
  • Disfunção erétil e infertilidade;
  • Envelhecimento precoce e doenças periodontais;

Para os fumantes passivos:

  • Maior risco de doenças respiratórias em crianças (asma, otites, bronquiolites);
  • Risco aumentado de câncer, doenças cardíacas e AVC em adultos;
  • Aumento da mortalidade neonatal e baixo peso ao nascer.

O que acontece comigo se eu parar de fumar?

A recuperação é progressiva e começa rapidamente após o último cigarro, segundo a especialista:

  • 20 minutos: pressão arterial e frequência cardíaca começam a se normalizar;
  • 8 horas: os níveis de monóxido de carbono no sangue caem;
  • 48 horas: melhora do olfato e paladar;
  • 2 a 12 semanas: melhora da circulação e da capacidade pulmonar;
  • 1 a 9 meses: redução da tosse e da falta de ar;
  • 1 ano: risco de doença cardíaca é reduzido pela metade;
  • 10 anos: risco de câncer de pulmão cai cerca de 50%;
  • 15 anos: risco cardiovascular se aproxima ao de quem nunca fumou;

Quais tratamentos para parar de fumar estão disponíveis no SUS?

O SUS disponibiliza um programa estruturado para cessação do tabagismo por meio da Atenção Primária à Saúde, baseado nas diretrizes do INCA (Instituto Nacional de Câncer):

  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): sessões individuais ou em grupo que ajudam o paciente a entender sua dependência, lidar com gatilhos e desenvolver estratégias para parar de fumar;
  • Bupropiona (cloridrato de bupropiona): medicamento oral com ação antidepressiva que também reduz o desejo pelo cigarro e os sintomas de abstinência. Disponível gratuitamente em algumas unidades, conforme protocolo local.
  • Terapia de Reposição de Nicotina (TRN);
  • Adesivo transdérmico de nicotina (fornecido em 3 dosagens progressivas);
  • Goma de mascar de nicotina (disponível em algumas regiões conforme disponibilidade).

Dicas para parar de fumar

A pneumologista separou algumas dicas para quem deseja cessar o tabagismo:

  • Escolha uma data para parar e prepare-se para ela;
  • Evite situações gatilho, como café, bebida alcoólica ou estresse;
  • Comunique familiares e amigos, para que possam apoiar e respeitar seu processo;
  • Use reposição de nicotina ou bupropiona se for indicado pelo profissional de saúde;
  • Mantenha-se ativo, pratique exercícios físicos, cuide da alimentação e do sono; não desanime diante de recaídas — elas fazem parte do processo e podem ser superadas com resiliência e apoio.
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