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Política

Torturada pela ditadura, Dilma defende que manter memória sobre golpe de 1964 é "crucial"

Declaração da ex-presidente acontece em meio a veto do governo a atos que relembrem 60 anos do golpe; Lula falou em não "remoer" passado

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A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que atualmente comanda o Banco do Brics (Novo Banco de Desenvolvimento), relembrou os 60 anos do golpe militar neste domingo (31). A petista, que foi presa e torturada durante a ditadura, defendeu que manter a memória e a verdade é "crucial para assegurar que essa tragédia não se repita".

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A declaração foi publicada em seu X (antigo Twitter), onde Dilma, que comandou o Brasil de 2011 a 2016, associou o golpe de 1964 à tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.

"Como tentaram agora, naquela época, infelizmente, conseguiram. Forças reacionárias e conservadoras se uniram, rasgaram a Constituição, traíram a democracia, e eliminaram as conquistas culturais, sociais e econômicas da sociedade brasileira. O presidente João Goulart, legitimamente eleito, foi derrubado e morreu no exílio", afirmou.

O posicionamento da ex-presidente acontece em meio ao veto do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a atos públicos que relembrem os 60 anos do golpe. Lula chegou a afirmar que a ditadura militar "faz parte do passado" e que não ia "ficar remoendo" a história, em entrevista ao programa "É Notícia", da RedeTV!.

Presa aos 22 anos, ela foi torturada e chegou a ter um de seus dentes arrancado a socos. "Minha arcada girou para outro lado, me causando problemas até hoje, problemas no osso do suporte do dente. Me deram um soco e o dente deslocou-se e apodreceu. Tomava de vez em quando Novalgina em gotas para passar a dor. Só mais tarde, quando voltei para SP, o Albernaz [capitão Alberto Albernaz] completou o serviço com um soco, arrancando o dente", contou a ex-presidente à Comissão Estadual de indenização às Vítimas de Tortura de Minas Gerais, em 2001.

Dilma foi condenada a 6 anos e 1 mês de prisão durante a ditadura militar | Reprodução/Arquivo Nacional
Dilma foi condenada a 6 anos e 1 mês de prisão durante a ditadura militar | Reprodução/Arquivo Nacional

Foi Dilma quem sancionou a lei que criou a Comissão Nacional da Verdade, em 2012. No evento de entrega do relatório, em 10 de dezembro de 2014, ela disse que o trabalho da comissão ajudaria a afastar "fantasmas de um passado doloroso e triste".

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Leia a íntegra da declaração da ex-presidente Dilma Rousseff:

Manter a memória e a verdade histórica sobre o golpe militar que ocorreu no Brasil há 60 anos, em 31 de março de 1964, é crucial para assegurar que essa tragédia não se repita, como quase ocorreu recentemente, em 8 de janeiro de 2023.

Como tentaram agora, naquela época, infelizmente, conseguiram. Forças reacionárias e conservadoras se uniram, rasgaram a Constituição, traíram a democracia, e eliminaram as conquistas culturais, sociais e econômicas da sociedade brasileira. O presidente João Goulart, legitimamente eleito, foi derrubado e morreu no exílio.

No passado, como agora, a História não apaga os sinais de traição à democracia e nem limpa da consciência nacional os atos de perversidade daqueles que exilaram e mancharam de sangue, tortura e morte a vida brasileira durante 21 anos.

Tampouco resgata aqueles que apoiaram o ataque às instituições, à democracia e aos ideais de uma sociedade mais justa e menos desigual.

Ditadura nunca mais!

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