PF aponta indícios de que assessores de Bolsonaro coordenaram ataques do 8 de janeiro
Aliados trocaram mensagens com Mauro Cid para organizar manifestação e golpe de Estado
A Polícia Federal apontou indícios de que o ataque aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, foi coordenado por assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo relatório apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao qual o SBT News teve acesso, os atos não se originaram da "mobilização popular", mas sim da "arregimentação e suporte direto" de grupo ligado ao político.
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Conhecido como Joe, o major Rafael Martins de Oliveira foi identificado como interlocutor do então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Por mensagens, ambos trocaram informações de data, local e alvos, citando o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), assim como financiadores da manifestação. As conversas abordaram ainda se os manifestantes teriam apoio e proteção das Forças Armadas nos atos.
Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor especial de Bolsonaro, também foi citado no relatório. Ele foi um dos responsáveis por apresentar a minuta de golpe de Estado ao ex-presidente. O documento, que sofreu alterações a pedido de Bolsonaro, foi apreendido em 2023 na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
"Isso mostra que o ex-assessor Filipe Garcia Martins Pereira exercia posição de proeminência nas tratativas jurídicas para a execução do golpe de Estado, por meio da intermediação com pessoas dispostas a redigir os documentos que atendessem aos interesses da ala mais radical. Os registros de acesso ao Palácio da Alvorada revelaram que ele esteve no local por diversos dias, ao longo dos meses de novembro e dezembro de 2022, após o segundo turno das eleições presidenciais", diz o relatório.
Outro ex-assessor de Bolsonaro identificado pelos investigadores foi Marcelo Costa Câmara. Diálogos com Mauro Cid, em dezembro de 2022, indicam que o ex-assessor atuou no monitoramento de várias autoridades, inclusive do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para assegurar que ordem de prisão consignada da minuta golpista pudesse ser cumprida.
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Todos os ex-assessores citados foram alvos da operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal nessa quinta-feira (8), para investigar a organização criminosa que tentou dar golpe de Estado no Brasil, abolir o Estado Democrático de Direito e manter Bolsonaro no poder.
Ao todo, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares. Bolsonaro também esteve entre os alvos.