Política

Sem citar Trump, Lula diz que nenhum presidente deve dar "palpite" na Venezuela

Petista afirmou que o "povo venezuelano é dono do seu destino"; declaração acontece em meio ao aumento da tensão entre os países

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva | Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na noite de quinta-feira (16), que líderes de outros países não devem “dar palpite” na Venezuela, frisando que “o povo venezuelano é dono do seu destino”. Apesar de não citar Donald Trump, a declaração do petista ocorreu em meio às movimentações dos Estados Unidos em Caracas.

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"Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. O Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil. O que defendemos é que o venezuelano é dono de seu destino e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou Cuba”, disse Lula, durante participação no congresso partidário do PCdoB, em Brasília.

Essa não é a primeira vez que Lula critica a ação norte-americana no sul do Caribe. Em setembro, durante discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o presidente demonstrou preocupação com o “atual momento de instabilidade vivido na América Latina”, dizendo que “usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento”.

"Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas", disse, à época.

Entenda

Venezuela e Estados Unidos vivem momentos de tensão desde agosto, quando Washington enviou navios militares ao sul do Caribe, próximo à costa venezuelana, em uma missão contra o narcotráfico. A operação despertou alerta no presidente Nicolás Maduro, que começou a mobilizar militares e milicianos.

Isso porque o venezuelano teme que a operação naval norte-americana seja uma ofensiva disfarçada, com o objetivo de mudar o regime do país à força. Washington considera o presidente como um dos principais narcotraficantes do mundo, alegando que o político usa organizações criminosas internacionais para levar drogas aos Estados Unidos.

A tensão entre os países aumentou nas últimas semanas, quando militares norte-americanos lançaram ataques contra embarcações venezuelanas que supostamente transportavam narcóticos ilegais. Desde então, Maduro ordenou reforço no patrulhamento da fronteira, enviando 25 mil soldados das Forças Armadas ao Caribe e aumentando as inspeções aéreas sobre os navios norte-americanos.

Já na última quarta-feira (16), Trump autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) a conduzir operações secretas na Venezuela. A Casa Branca deixou claro, em conversas particulares citadas pelo The New York Times, que o objetivo final é remover Maduro do poder.

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Em resposta, a Venezuela pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que declare ilegais os ataques norte-americanos contra embarcações próximas à costa do país, acusando o país de matar ao menos 27 pessoas. Solicitou, ainda, que o grupo aprove uma declaração reafirmando "o princípio do respeito irrestrito à soberania, independência política e integridade territorial dos Estados", incluindo a Venezuela.

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