Vício em compras atinge 8% da população mundial e cresce com avanço do e-commerce
Especialistas alertam para aumento de casos após a pandemia; compulsão, conhecida como oniomania, surge como válvula de escape para ansiedade e estresse
Fernanda Trigueiro
O desejo incontrolável de comprar, impulsivo e repetitivo, afeta cerca de 8% da população mundial, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O transtorno, conhecido como oniomania, costuma surgir como tentativa de aliviar ansiedade, frustração e estresse, mas acaba se tornando um vício com impacto emocional e financeiro profundo.
Compras compulsivas cresceram após a pandemia
Especialistas afirmam que o comportamento se intensificou nos últimos anos, especialmente por conta das mudanças no período da pandemia, quando milhões de pessoas passaram a viver mais tempo dentro de casa e a consumir mais conteúdo digital.
O resultado, segundo estudiosos, foi a expansão do vício em compras pela internet, um hábito que não só cresceu, como nunca mais voltou aos níveis anteriores.
O que é oniomania e por que ela acontece?
A oniomania é caracterizada por desejo intenso e contínuo de comprar, perda de controle, arrependimento imediato e alívio emocional momentâneo, seguido de culpa.
O ato de comprar funciona como uma tentativa de preencher vazios emocionais ou neutralizar sentimentos negativos. Mas o alívio dura pouco, e o ciclo recomeça.
No Brasil, não há levantamentos recentes que indiquem quantas pessoas enfrentam o transtorno, mas profissionais da saúde mental afirmam que a procura por ajuda aumentou.
Vício reforçado pela tecnologia: as vitrines agora encontram você
Em um mundo hiperconectado, nem é preciso sair de casa para ser impactado pelo consumo. Plataformas de e-commerce, redes sociais e anúncios personalizados levam ofertas diretamente ao usuário — a qualquer hora e em qualquer lugar.
As “vitrines” agora seguem o consumidor, oferecendo promoções relâmpago, descontos personalizados, algoritmos que sugerem produtos similares e anúncios baseados no que a pessoa pesquisou minutos antes.
Esse ambiente digital cria um campo fértil para quem já tem predisposição à compulsão. Tratamento envolve acompanhamento e mudança de comportamento.
Para controlar o vício, especialistas recomendam:
- Acompanhamento psicológico e psiquiátrico;
- Construção de novas estratégias emocionais;
- Limitação de estímulos digitais;
- Organização financeira e apoio familiar.
Tratar a compulsão é também aprender a resistir a um mundo que incentiva o consumo contínuo.









