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PF investiga se 'Abin paralela' de Bolsonaro invadiu e acessou dados de espionados

Anotações encontradas pelos policiais indicam uso clandestino de outras duas ferramentas de espionagem digitais, além do FirstMile

PF investiga se 'Abin paralela' de Bolsonaro invadiu e acessou dados de espionados
Carlos Bolsonaro
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A Polícia Federal investiga se a "Abin paralela" do governo Bolsonaro usou ferramentas digitais e aplicativos mais intrusivos do que o FirstMile para invasão de computadores e celulares para captura de dados de forma clandestina. Na segunda-feira (29), Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi alvo de buscas, na segunda fase da Operação Vigilância Aproximada.

Os investigadores da PF consideram ter provas de que o grupo montado pelo então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, atuou de 2019 a 2021 monitorando inimigos políticos, policiais, autoridades, jornalistas e advogados, de forma criminosa, usando a estrutura da Abin e, em especial, um equipamento de espionagem, o FirstMile. Ramagem foi alvo da primeira fase da Operação Vigilância Aproximada, no dia 25.

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Há indícios de uso da Abin no governo Bolsonaro para ações de contrainteligência para atrasar investigação da PF, monitorar adversários políticos, levantar dados e municiar a família Bolsonaro e aliados para defesa em processos e parar criar conteúdo de fake news para uso político e eleitoral.

A duas outras ferramentas que a Abin paralela pode ter usado em suas missões clandestinas vão além do FirstMile. Elas fazem a invasão dos computadores e aparelhos telefônicos, podendo acessar dados e até controlar. O Cobalt Strike e o app LTESniffer podem ter sido usados.

Anotações ligadas ao grupo clandestino levaram à suspeita de que, além do FirstMile, outras ferramentas digitais foram empregadas.

A frente de apuração foi aberta após análise do material apreendido na primeira fase ostensiva do inquérito, em outubro de 2023. A Operação Última Milha prendeu dois agentes e fez buscas em 25 endereços, um deles, a sede da Abin, em Brasília.

A descoberta, se confirmada, pode complicar ainda mais os investigados, entre eles: Carlos Bolsonaro, Alexandre Ramagem, policiais federais e integrantes das Forças Armadas, ligados ao clã Bolsonaro.

Além do filho 02 (Carlos), a PF ainda tem na mira outros dois filhos de Bolsonaro como beneficiários dos documentos ilegais produzidos pelo grupo, com possível aparelhamento da agência, o 01 (o senador Flávio Bolsonaro, do PL do Rio) e o 04 (Jair Renan).

A PF chegou nesta segunda feira (29) ao clã Bolsonaro, suspeito de ser o principal beneficiário dos serviços clandestinos do grupo criado na Abin por Ramagem. O filho 02 de Jair Bolsonaro (PL) foi o alvo principal.

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Vereador na capital fluminense pelo Republicanos (deve deixar o partido e entrar no PL), teve buscas e apreensões em casa, no gabinete na Câmara do Rio e na casa de praia da família, em Angra dos Reis (RJ), onde estava também o ex-presidente.

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O FirstMile, alvo central do caso, permite monitorar em tempo real o alvo, por meio do sinal de seu aparelho de telefone celular, criando também relatórios de percursos. Foi comprado de forma legal em 2018, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), e é usado por policiais e outras agências de inteligência no mundo. As condições para o uso são que exista procedimento legal, com justa causa para a investigação, e registro dos resultados.

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De 2019 a 2021, o FirstMile da Abin tentou alcançar 60 mil alvos, segundo a PF. Desse total, 30 mil tiveram resultado de identificação e monitoramento. Parte disso, os investigadores suspeitam que teria abastecido de forma ilegal o clã Bolsonaro.

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Segundo a PF, os serviços feitos pela "Abin paralela" com o FirstMile tinham como objetivo a "produção de dossiês com informações sigilosas, destinados a uso político e midiático e à obtenção de proveito pessoal".

"No que tange ao uso do FirstMile, apurou-se que parcela significativa da efetivação das consultas era imposta a servidores recém-nomeados da ABIN, e não era precedida de formalidade como "ordens de busca" nem por "planos operacionais", que estariam sujeitos à prévia aprovação pela Diretoria-Geral. Eram feitas, portanto, no mais das vezes, sem ordens formais, prevenindo-se rastro material das atividade ilícitas", conclusão da PF.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, considerou as provas que a PF reuniu, em quase um ano de apuração, "consistentes quanto à materialidade delitiva e convergem para o envolvimento dos investigados nos fatos ilícitos", ao decretar as buscas nos endereços dos alvos.

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