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Como funciona o FirstMile, programa usado pela Abin para espionar pessoas?

Tecnologia israelense foi usada de forma ilegal para monitorar celulares de políticos, policiais, jornalistas e juízes

Como funciona o FirstMile, programa usado pela Abin para espionar pessoas?
Abin confirmou no final do ano passado que utilizou o software FirstMile de espionagem | Imagem gerada por IA
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Na manhã de quinta-feira (25) a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação contra suposta espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cujo um dos investigados é o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que liderou a agência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

+ Alexandre Ramagem é alvo de operação da Polícia Federal contra monitoramento ilegal na Abin

As apurações da Operação Última Milha da Polícia Federal, que deflagrou a segunda fase ostensiva, Operação Vigilância Aproximada, apontaram a existência de um possível conluio entre investigados e atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob o comando de Luiz Fernando Corrêa.

+ Ministros do STF e políticos eram alvos da "Abin paralela", investigada pela PF

As investigações apuram a existência de uma Abin paralela, montada durante o governo Jair Bolsonaro (PL) para monitorar e produzir relatórios com uso de um software espião, e tem como alvo central o deputado Alexandre Ramagem, que é delegado da PF e ex-diretor da Abin.

A suposta organização criminosa teria funcionado dentro da Abin para monitorar adversários políticos da família Bolsonaro, além de proteger os filhos do ex-presidente de investigações.

Comprado em 2017 no governo Temer por R$ 9 milhões

Abin confirmou no final do ano passado que utilizou o software FirstMile de espionagem | Agência Brasil
Abin confirmou no final do ano passado que utilizou o software FirstMile de espionagem | Agência Brasil

A investigação da PF aponta que o software comprado sem licitação pelo governo de Michel Temer (MDB), em 2017, por R$ 9 milhões, durante a intervenção federal na área de segurança pública no Rio de Janeiro. O uso da ferramenta para este fim foi revelado em março do ano passado pela própria Abin.

O FirstMile é desenvolvido em Israel, pela empresa Cognyte (antiga Verint) e tem tecnologia de GPS para monitorar de forma ilegal a localização de celulares de servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas, juízes e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

+ Quem é Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin?

Quem operava o sistema eram servidores da agência designados para o Centro de Inteligência Nacional (CIN).

A unidade, criada na gestão Bolsonaro, era vinculada ao gabinete de Ramagem. A estrutura foi desmontada pelo atual governo.

Nas apurações, descobriu-se que a ferramenta foi usada para acessar mais de 30 mil localizações de celulares, em especial durante as eleições de 2020. A Abin abriu apuração interna e colaborou com as apurações.

Para fazer um monitoramento deste tipo é necessário uma autorização judicial. O governo de Bolsonaro teria utilizado a ferramenta até a parte do terceiro ano de seu mandato.

Como funciona a ferramenta?

FirstMile rastreia celulares a partir do número de telefone. Programa consegue rastrear 10 mil smartphones ao mesmo tempo | Imagem gerada por IA
FirstMile rastreia celulares a partir do número de telefone. Programa consegue rastrear 10 mil smartphones ao mesmo tempo | Imagem gerada por IA
  • FirstMile usa um malware, um programa, que invade e acessa os dados de computadores.
  • Basta o envio de um email, mensagem de texto ou por WhatsApp para fazer a invasão do dispositivo. Um pendrive também pode ser usado para este fim.
  • Ele engana as redes de telefonia, encontra brechas, para rastrear o alvo do monitoramento.
  • Todos os dados do computador fica disponível para o espião sem que a vítima saiba.
  • O programa emitia alertas cada vez que acontecesse uma movimentação do monitorado.
  • A localização aproximada dos celulares era apontada pelo programa.
  • A ferramenta permite o monitoramento de até 10 mil celulares ao mesmo tempo, a cada 12 meses.

Segundo a organização Data Privacy Brasil, o celular envia informações para antenas, que são 'estações rádio-base', espalhadas pelo país por meio de um protocolo conhecido por SS7.

O programa de computador tem a capacidade de enganar a rede de telefonia, bagunçando o protocolo de localização do dispositivo para localizar o celular. Estes dados de comportamento do celular ficam armazenados no sistemas das operadores de telefonia.

Estas informações só podem ser acessados para investigações policiais, assim como para monitorar cidadãos afetando seu direito a privacidade.

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