Alvo da PF, "Abin paralela" teria monitorado adversários e ajudado família Bolsonaro
Flávio e Jair Renan teriam sido abastecido com dados levantados por núcleo especial montado por Ramagem, com integrantes da agência e policiais federais
A Polícia Federal tem como alvos da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta quinta-feira (25), sete policiais federais que foram afastados das funções. Eles integravam a chamada "Abin paralela", que teria sido montada dentro da Agência Brasileira de Inteligência, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que monitorava ilegalmente políticos e adversários adversários, por meio do software espião FirstMile. Quem comandava a agência era o então delegado da PF e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
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Sete policiais federais que integraram o núcleo de confiança de Ramagem na Abin e ligados a ele e aos filhos de Bolsonaro foram afastados de suas funções públicas, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
A PF apura se a Abin paralela criada no governo Bolsonaro serviu para levantar dados de inimigos políticos, obter vantagens pessoais e atrapalhar investigações. Há suspeitas de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o filho mais novo, Jair Renan Bolsonaro, tenham sido beneficiados com os relatórios produzidos.
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A Operação Vigilância Aproximada faz parte das apurações iniciadas em 2023, que têm como alvo um núcleo paralelo montado dentro da Abin. Esse grupo criminoso usava um programa espião adquirido pela agência, o FirstMile, em 2018 – no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Os alvos da ação são policiais federais ligados a Ramagem. As buscas desta quinta são desdobramento da primeira operação, a Última Milha, de outubro de 2023.
A PF descobriu que o software comprado pela Abin usava dados de GPS dos alvos para monitorar ilegalmente adversários via celulares. O sistema era operado por servidores da agência e policiais federais designados para o Centro de Inteligência Nacional (CIN). A unidade, criada na gestão Bolsonaro, era vinculada ao gabinete de Ramagem. A estrutura foi desmontada pelo atual governo.
Flávio Bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro (PL) divulgou nota e negou no esquema. "É mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida. Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro", afirmou.
"Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia."
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