Na ONU, Silvio Almeida diz que ação de Israel em Gaza é "punição coletiva" a palestinos
Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania também afirmou que ocupação israelense é "ilegal e viola normas internacionais"

Felipe Moraes
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, classificou a ação de Israel na Faixa de Gaza como "punição coletiva" a palestinos e também pediu libertação "imediata e incondicional de todos os reféns" em posse do grupo extremista Hamas. O discurso ocorreu nesta segunda (26), na abertura da 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra (Suíça).
"Não posso deixar de registrar nossa profunda indignação com o que acontece, neste momento, em Gaza. Já, em mais de uma oportunidade, condenamos os ataques perpetrados pelo Hamas e demandamos a libertação imediata e incondicional de todos os reféns. Mas também reitero nosso repúdio à flagrante desproporcionalidade do uso da força por parte do governo de Israel, uma espécie de 'punição coletiva'", disse o ministro.
Assista ao discurso:
Almeida também citou o número de mortes em Gaza — "quase 30 mil palestinos, a maioria deles, mulheres e crianças" — e lamentou o deslocamento forçado de "mais de 80% da população" e o acesso precário a recursos como "energia elétrica, água potável, alimentos e assistência humanitária básica".
O ministro ainda reiterou a posição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em prol da criação de um Estado Palestino, "condição imprescindível para a paz".
"Consideramos ser dever deste Conselho prestigiar a autodeterminação dos povos, a busca da solução pacífica dos conflitos e se opor de forma veemente a toda forma de neocolonialismo e de Apartheid", falou.
Almeida também demonstrou apoio brasileiro à iniciativa da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em que o país acusa Israel formalmente de genocídio contra palestinos.
"Instamos o Estado de Israel a cumprir integralmente as medidas emergenciais determinadas pelo tribunal no sentido de que cessem as graves violações ao direito humanitário", explicou.
No fim do discurso, o ministro disse esperar "que o tribunal reafirme que a ocupação israelense dos territórios palestinos é ilegal e viola normas internacionais".
As falas do ministro vêm pouco mais de uma semana após Lula comparar o que chamou de "genocídio" de Israel em Gaza ao Holocausto nazista contra judeus comandado por Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial.
A manifestação de Lula provocou reação de Israel, que declarou o presidente brasileiro "persona non grata" no país. Dias depois, voltou a classificar a ação de Israel no território de palestino de genocídio, mas sem citar o Holocausto.








