Ministros descartam “xepa” para baratear alimentos e estudam outras medidas para levar a Lula
Planalto atribui repercussão negativa a “equívoco de comunicação” e recua de propostas polêmicas
Murilo Fagundes
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descartou nesta quinta-feira (23) a proposta das “xepas”, modelo usado em outros países para mudar as regras do sistema de prazo de validade e reduzir o preço dos alimentos nos supermercados. Na avaliação de ministros, a ideia não seria bem recebida pela população.
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O aumento nos preços dos alimentos tem sido uma das maiores preocupações do presidente quando o assunto é popularidade. Na última segunda (20), em reunião ministerial, Lula cobrou seus ministros para que os altos preços nas prateleiras caíssem.
“Se a gente trabalhou a união e reconstrução, agora a gente vai ter que trabalhar outra coisa importante: a união, reconstrução e comida barata na mesa do trabalhador, porque as comidas estão caras”, disse.
No ano passado, a inflação fechou o ano acima da meta de 4,5% (4,83%), puxada pelo indicador dos alimentos, o que mais subiu no período. A inflação de alimentos e bebidas, por exemplo, ficou em quase 8% (7,7%), longe do aumento de pouco mais de 1% (1,1%) em 2023.
Apesar dessa preocupação com a popularidade, o governo teme mais uma crise na comunicação se propostas polêmicas forem levadas à frente ou se forem mal apresentadas.
Na última quarta-feira (22), o Planalto refutou a ideia de que o governo controlaria de forma artificial os preços dos alimentos.
Esse movimento aconteceu depois de o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmar que o governo federal reuniria um conjunto de intervenções para ajudar a baratear os produtos nas prateleiras dos supermercados.
“A questão dos preços, a princípio, vamos fazer algumas reuniões para buscarmos conjunto de intervenções que sinalizem para barateamento dos alimentos”, disse Costa em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, transmitido pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Segundo apuração do SBT News, o governo classificou que o ministro de Lula errou ao usar a palavra “intervenção” e que, de fato, o presidente está atento e tem como prioridade o arrefecimento dos preços, mas sem ações radicais e 'invencionices'.
Anúncio nesta sexta-feira
Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, os ministros envolvidos na discussão voltam a se reunir para afinar as estratégias nesta sexta-feira (23), desta vez com a presença de Lula.