Lula diz que Brasil não será “exportador de minerais críticos”
Presidente condicionou a exploração dos recursos minerais à industrialização no país


Jessica Cardoso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (24), em Maputo, capital de Moçambique, que o Brasil não aceitará permanecer apenas como fornecedor bruto de lítio, terras raras e outros minerais estratégicos. Segundo ele, a exploração desses recursos no país estará condicionada à instalação de fábricas em território brasileiro.
“Nós não vamos ser exportador dos minerais críticos. Se quiser, vai ter que industrializar do nosso país para que o nosso país possa ganhar esse dinheiro”, declarou Lula durante encontro empresarial Brasil–Moçambique com empresários dos dois países.
O presidente participou de agenda oficial no continente africano após a cúpula do G20, realizada na África do Sul.
Durante o discurso, Lula também afirmou que o Brasil precisa agregar valor aos recursos que possui e romper com ciclos históricos de dependência econômica.
“Ou nós aproveitamos essas riquezas que Deus nos deu e fazemos disso uma riqueza para o nosso povo, ou nós vamos ver os países de sempre cavarem buraco no nosso país, levar o nosso minério e a gente ficar com a fome e com a pobreza”, disse.
Ele defendeu ainda que cada país tenha autonomia para definir seus próprios modelos de exploração mineral.
“É igualmente urgente que cada país seja capaz de definir as necessidades e modelos de exploração de suas riquezas minerais de forma soberana. Nós já temos um século de experiência. Já temos um século. A gente não tem por que acreditar mais”, disse.
Além dos minerais estratégicos, Lula abordou o potencial dos biocombustíveis no continente africano e criticou a ideia de que sua produção comprometeria a oferta de alimentos.
“Acabou aquela história de alguém ficar confundindo: ‘Vai produzir biocombustível, vai faltar alimento’. É bobagem”, afirmou. “Somente um lunático iria preferir produzir biocombustível, do que produzir comida”, completou, destacando que há espaço para as duas atividades.
A declaração de Lula ocorre em um momento em que Estados Unidos e China ampliam a disputa global pelos minerais críticos, insumos essenciais para baterias, turbinas eólicas, painéis solares e eletrônicos.
Os EUA têm demonstrado interesse crescente no potencial brasileiro como parte da estratégia para diminuir a dependência da China.
Embora o Brasil detenha algumas das maiores reservas do mundo, boa parte da produção ainda deixa o país com baixo valor agregado, cenário que o governo afirma querer reverter.









