Líder do PDT diz esperar que legenda siga no maior bloco da Câmara
Com a saída do PSB, pedetistas são a única sigla de esquerda do grupo. Participação será debatida por deputados nos próximos dias
O deputado federal Afonso Motta, líder do Partido Democrático Trabalhista (PDT) na Câmara dos Deputados, vê como positivo para a sigla estar no maior bloco parlamentar da Casa e espera que os deputados pedetistas não discutam uma eventual saída. O congressista pelo Rio Grande do Sul conversou com o SBT News após o PSB, sigla que, como o PDT, está na centro-esquerda no espectro político, deixar o blocão.
+ Lula celebra 44 anos do PT e defende que sigla avance sem esquecer origem
"Primeiro, o PDT assumiu a liderança do bloco. Em segundo lugar, qualifica a relação no dia a dia no Colégio de Líderes, na definição de relatorias, na, digamos assim, valorização dos parlamentares. Claro que há divergências, mas, no geral, a minha opinião, é que tem sido positivo", disse o deputado. Atualmente, 18 dos 162 deputados do bloco são filiados ao PDT. Os outros partidos com representantes no grupo são: PP, União Brasil, Avante, Solidariedade, Patriota, PSDB e Cidadania.
Pelo acordo firmado para a formação, em abril do ano passado, há, em sua liderança, uma alternância das siglas que o compõem. Dessa forma, o primeiro líder do bloco foi o deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE). Depois, André Figueiredo (PDT-CE). Atualmente, o espaço é ocupado por Doutor Luizinho (PP-RJ).
"Nós fizemos um acordo, quando entramos para o bloco. Nós, PSB e todos os partidos do bloco, de inclusive ocupação do espaço de líder, apenas num revezamento, com um critério: bancadas maiores, salvo engano, período maior, bancadas médias um período um pouquinho menor, e bancadas menores, 30 dias. Que é o que está acontecendo agora. Provavelmente o Solidariedade vai ocupar a liderança por 30 dias", ressalta Afonso Motta.
"Então, nós fizemos um acordo. Não posso assumir a liderança da bancada e fazer uma discussão sobre saída do bloco, do PDT. Isso não aconteceu e eu espero que não aconteça".
A expectativa do parlamentar é que a sigla, hoje com 18 deputados federais, cumpra o acordo e permaneça no blocão. "Inclusive até que se definam comissões, que são importantes para nós, um conjunto de matérias que vai compor a pauta preferencial neste ano legislativo".
Dessa forma, afirma, a bancada não pode tomar uma atitude precipitada que "quebre acordo, que possa interferir na pauta, que possa daqui a pouco colocar o PDT em um outro patamar, um outro movimento". Segundo Afonso Motta, os deputados pedetistas "não tem nada combinado com ninguém. Nem com outros blocos, nem com o governo. Nada com relação ao nosso trabalho, vamos dizer assim, mais institucional, de posicionamento da bancada".
O que possuem, salienta, "é uma relação e um compromisso" com o blocão em que estão.
"A bancada do PDT não é uma bancada que tenha as suas referências a partir do presidente Arthur Lira [PP-AL], embora reconheça que ele é o líder desse bloco. Mas as nossas diferenças, o PDT tem deixado sempre marcadas, o PDT, 95% das vezes, tem votado a favor do governo".
Na visão do líder pedetista, "não é o melhor do mundos" para o partido estar no blocão, mas para uma bancada de 18 deputados, entre fazer a aliança e ficar isolado, é "muito melhor" estar nela, isso sem abrir mão das suas causas e mesmo com "grandes diferenças" para outras siglas integrantes.
Saída do PSB
Afonso Motta participou da reunião do blocão em que o PSB fez o anúncio da decisão de deixá-lo. A saída, ressalta, tem significado para o Partido Democrático Trabalhista "porque os dois partidos de centro-esquerda que compõem o bloco são PSB, que saiu, e PDT".
A bancada vai discutir e analisar a decisão dos parlamentares socialistas. Por outro lado, segundo Afonso Motta, o tema não é a principal prioridade. Na primeira reunião da bancada neste ano, na terça-feira (6), Afonso Motta fez um apelo para que os participantes não discutissem o assunto naquele momento. Os deputados pedetistas voltarão a se reunir em 20 de fevereiro.
+ Lula e Lira se reúnem após escalada na tensão entre Congresso e Planalto
O PSB e o PDT são da base governista e têm ministros no governo Lula. O primeiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin, na pasta do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de Márcio França, na do Empreendedorismo. Até o mês passado também comandava o Ministério da Justiça, com Flávio Dino, que deixou o cargo para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Já o PDT tem Carlos Lupi, na pasta da Previdência Social, e Waldez Góes, na do Desenvolvimento Regional.
A saída do PSB do maior bloco da Câmara veio em meio a um clima de animosidade de Arthur Lira com o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Nos bastidores, há distanciamento entre Padilha e o presidente da Câmara, iniciado pelo movimento de negociação de emendas feito pelo governo com deputados.
O líder da bancada socialista, Gervásio Maia (PB), porém, negou, em entrevista ao SBT News na terça-feira (6), que uma insatisfação dos deputados do PSB com Lira tenha motivado a saída. "A gente não tinha nenhuma dificuldade interna com o bloco, muito pelo contrário. Relação muito boa com os líderes do bloco, relação muito boa com o presidente Arthur", declarou.